O que você acha??

"O que você acha?"

Caiu o mundo.Acabou...Já era.

É a pergunta que geralmente fazemos depois de contar aquele caso cascudo.

Mas será que é o que queremos ouvir?

Acho que você,leitor,já viu onde estou querendo chegar né?Aposto que já passou por uma dessas... Aquele seu amigo te conta uma história que mais parece uma mistura de produção hollywoodiana com novela mexicana, na qual, em sua maioria de 101% ele é o mocinho da situação e finaliza com aquela bendita frase:

"E AÍ,O QUE VOCÊ ACHA DISSO??" [que pode ser substituído por "O que você faria?" ou "E se fosse contigo?" ou ainda,para os incansáveis "O que você acha que eu devo fazer?" - variação mais perigosa.]

Antes de começar,quero deixar claro que eu também faço isso muitas vezes, isso não é um defeito...Quer dizer,depende do que você faz depois que o indivíduo ouvinte responde a pergunta,o que pode ser feito de diversas formas,vamos a elas:

1 - O sujeito responde com frases soltas,todas originadas no berço das incertezas:

"Pô,não sei." ; "Cara,que m*." ; "Mas que horror." ; "Se fosse comigo,nem sei." [a última para se previnir do tal "E se fosse você..."]

Ele vai dizer uma ladainha desse tipo de frase,vai demorar horas falando...Se você sintetizar o que foi dito,ao fim chegará a conclusão que se você,ao invés da história,tivesse perguntado se a criatura ia tomar café ou chá,as respostas se encaixariam perfeitamente, ou seja, ele não emitiu opinião,apenas grunidos que não adiantaram nada. O que fazer? Não espere mais opiniões dessa pessoa,oras!Ele não foi imparcial - já que imparcialidade seria se ele analisasse o caso como um todo,sem juízo de valores e predileções - ele foi frouxo mesmo,no máximo podia ter dito,ao invés dessa baboseira toda de frases lamuriantes, que preferia não emitir opinião, o que siginifica,no popular: "Eu sei o que faria,mas não vou dizer." [pode ser usado por vingança,cautela,ou porque você não faz a mínima idéia do que faria,mas é culto o bastante pra não ficar relinchando.]

2 - O sujeito faz uma análise tática das minúcias da situação,traça uma estratégia de guerra,e AI de você não fazer aquilo:

"Olha,cara,é assim, você tem que se impor,tá ligado?Blá blá blá,você TEM que fazer blá blá blá..."

O indivíduo traça seus passos,pensa em TODAS as hipóteses [e se um gnú africano aparecer na história?ah,ele já está preparado!] e diz como você tem que agir....Mas com o pequeno detalhe,que de ator,você passa a ser expectador,porque o sujeito age no seu lugar,sem pedir licença e muito menos,sua opinião.E se você não fizer o que ele disse,a casa cai,afinal,"Pra que veio me perguntar,eu tava quieto!" [louco pra se meter,mas realmente,só se manifestou depois que você deu abertura.]

3 - Última hipótese, o indivíduo responde tranquilamente o que lhe foi perguntado,de maneira suscinta [quase remota].

Mas e se o que você quer é que a criatura questionada responda aquilo que VOCÊ quer?

Aí coleguinha,o problema é seu,você é o errado da história.Afinal,se você quisesse ouvir a SUA opinião,era moleza: Vá pra frente do espelho,grave um CD com a sua explicação,ou durma e sonhe...Só,por favor,não obrigue ninguém a pensar como você. Expor idéias é uma coisa, IMPOR idéias é outra,né?

Situações em que isso pode ocorrer:

- Estou bem com esta blusa laranja e essa saia verde e lilás,né?? [Quem ficaria bem com uma combinação ridícula dessa de cores?O Charada,do Batman????]

- Eu não engordei tanto assim,né? [Não,só 25kg...Ora!Se até você chegou a essa pergunta,é porque deve haver um fundinho de verdade.]

- Você acha que ele tá me traindo só porque ele não tem tempo pra mim nos fins de semana? [Imagina,é hiper normal namorados só se verem nos dias que a Marginal Tietê não tiver trânsito.]

- Ah,também,ele foi o culpado,você não acha? [A velha história de se justificar nas atitudes do outro,bah!Esse papo é pior que cabeça de bacalhau: Existe,mas ninguém nunca viu.]

Galera,o importante disso tudo é:

Pra quem pergunta - querer ouvir a verdade,mesmo desagradável - repeteco das próprias idéias não vale.

Pra quem responde - sensatez,vamos combinar!A pessoa não está pedindo pra você agir,e se está perguntando,não responda com ladainhas.

Seja básico,tente ajudar - tudo bem que uma fofoquinha é saudável,mas seja legal com o pobre coitado da história...

Hoje é outro,amanhã,o caso cascudo pode ser seu... E aí,o que você acha?! =D