PARAUARA sim senhor,com consciência!
Parauara sim senhor, com consciência!
Da Amazônia não sei só de fotos ou documentários porque nasci e vivo nela. Apesar das gigantescas dimensões geográficas que habituo dizer ser um outro país, conheço a maior parte dos seus estados, naveguei em muitos dos seus Rios, sei e admiro seus exóticos sabores, misto da nossa rica herança escrava e indígena. O que dizer da maniçoba?Comida feita das folhas da Maniva moída que se não coser por 7(sete) dias é tóxico e mata? No entanto é iguaria sem comparativos, e o Tacacá quente( na temperatura) combinado com o sabor ardente do Tucupi e amortecer dos lábios provocado pelo Jambu, tudo isso com bem Pimenta de Cheiro, sorvido no calor da quatro da tarde?
Conheço bem as ervas, os chás e seus poderes curativos dos quais faço uso frequente e recomendo. Conheço as mandingas, as crenças, os misticismos, mandava benzer muito a minha pequena, para tirar quebranto, mal olhado e “susto” e a mim mesma “puxei” a costa para livrar de rasgadura tantas vezes...
Conheço minha terra, meu chão vivo seu folclore, amo suas riquezas e belezas naturais e sofro com suas mazelas, seu abandono, suas águas irrevogáveis,dores que conheço e pelas quais me revolto, buscando combater naquilo que posso.
Sei do irrefreado desmatamento, da falta de políticas públicas conscientes que construam sem destruir. Não esqueço jamais Chico Mendes, nem esquecerei Irmã Dorothy. Levantei bandeiras e aplaudi Marina Silva, Capiberibe, pelos feitos a favor da floresta e seus povos tradicionais.
Apoio os movimentos sérios Pró Amazônia, sempre aponho meu nome a somar nas assinaturas em prol da preservação. Sei-me um beija-flor no bico carregando gota d’água para combater o grande incêndio, mas sigo sem desanimar. Uso o meu inspirar, sensibilidade e veio poético para compor Tancas, Hiacais, FIB’S, Poetrix, enfim estilos diversos que levam meu recado de alerta e indignação. Assim povôo algumas idéias e sei há que repercutir.
Refiro-me mais especificamente quando falo desses temas ao Pará e Amazônia não porque sou Paraense, Parauara ou Amazônida, mas por ter consciência de que é para onde estão voltados os olhos do mundo, dos grandes interesses, quer nacionais ou internacionais. Falo por saber tratar-se do grande manancial de Água Doce do planeta, no Pará o maior Arquipélago Fluvio-Marítimo do mundo, as florestas, riquezas incontestáveis, os segredos das matas, o infinito potencial fitoterápico a ambição pelas descobertas de princípios ativos capazes de curar o câncer, por exemplo. A infindável fonte de descoberta e conhecimento.
Sei que os olhos do mundo estão aqui. Isso é bom, é ruim...
Por isso volto meu fazer poético para essa vasta e polêmica temática. E asseguro que em cada verso é impresso meu pensar, meu sentir, meu lamentar. Assim como ao referir-me as belezas, expresso o brilho que meus olhos sentem todos os dias quando ao chegar ao trabalho olho a Baia do Guajará na minha frente, da janela...
Vejo diariamente a baia de perto ao chegar e ao sair, está no meu caminho...
E não posso deixar de refletir, de me alegrar, e agradecer o privilégio da visão, de ter nascido aqui, viver aqui...
Diariamente faço isso...
Dia após dia...
# MANIÇOBA - Comida típica feita das folhas da mandioca moídas, com ingredientes semelhantes a os da feijoada.
# TACACÁ - Comida típica quente, feita com Goma da mandioca e o Tucupi, sumo extraído da raiz da mandioca, cozidos separadamente servidos com Jambu e camarão em cuias. Tacacá não se come, se toma.
# JAMBU – Planta diurética, digestiva e anestésica, que faz os lábios tremerem ao ser consumida.