O modo feminino de fazer política

Mulheres foram eleitas para governar 26 cidades na Paraíba, nas últimas eleições. A presença feminina à frente da administração pública está deixando de ser tabu no Estado, conforme disse Lilá, “uma mulher de coragem”. Lilá foi candidata a vereadora em João Pessoa e raciocina que é pouca coisa termos somente 26 cidades comandadas por mulheres, levando-se em consideração que o Estado tem 223 municípios, mas não deixa de ser um avanço. Na região do vale do Paraíba, destacam-se Clarice Ribeiro, de Pedras de Fogo, Didi Silveira, de Mogeiro, Marcilene Sales, de São Miguel de Taipu e dona Dida, de Itabaiana.

Apesar de serem maioria no eleitorado, a participação das mulheres ainda não se reflete nas candidaturas. De acordo com o TSE, apenas 14% dos candidatos nas últimas eleições eram do sexo feminino. Até 1927, as mulheres eram proibidas de votar, e só em 1932 o novo Código Eleitoral implantou o voto feminino. De lá para cá, as mulheres vêm demonstrando que podem e sabem fazer política, ocupando cargos legislativos e executivos com competência.

Efetivamente, a mulher vem deixando de ser cidadã de segunda classe, passando a ocupar mais espaços em todos os setores. Isso traz a discussão: mulher é melhor do que homem à frente do chamado Poder Público, ou de qualquer instância de poder? Qual a diferença entre homem e mulher no poder? Ocupando posições de mando, homens e mulheres têm basicamente os mesmos compromissos diante da sociedade, mas a eleição de uma mulher dá a sensação de vitória de uma causa igualitária, a luta pelo equilíbrio entre homens e mulheres. Os que defendem que há um modo feminino de exercer o poder, e isso é benéfico para a sociedade, citam, entre outros exemplos, a decisão da polícia no Peru, determinando que as viaturas policiais serão dirigidas somente por mulheres. Dizem que acabou a propina no policiamento de rua e também diminuíram os acidentes. Isso porque as policiais são incorruptíveis e as peruanas em geral dirigem melhor do que os homens. O que não prova nada, mesmo porque a gente conhece mulheres que estiveram no poder e foram uma negação.

Enfim, será que eleger uma mulher faz mesmo o diferencial? Está na hora de se fazer o balanço das mulheres que foram eleitas na última eleição, se elas administraram com base em outras prioridades, outras visões, outro complexo de razões e emoções nitidamente femininas. Para o eleitor, fica mais claro se existe diferença entre mulher e homem no poder.

Fábio Mozart
Enviado por Fábio Mozart em 21/05/2009
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