ADOLESCÊNCIA !
Estava examinando uma caixa com velhos documentos que ficara esquecida no fundo de um armário quando descobri algumas fotos antigas. Numa delas me vi na época da minha adolescência. E eu era simplesmente ridículo.
Magricela, rosto cheio de espinhas e tinha um sorriso meio cínico, do tipo daqueles de alguém que acaba de pregar uma peça numa pessoa distraída.
A visão daquela foto me transportou ao passado e me vi fazendo as trapalhadas, travessuras e bobagens que adolescentes cometiam naquela época. Lembro-me por exemplo da primeira vez que experimentei uma bebida alcoólica.
Foi numa festinha caseira e para impressionar algumas meninas que estavam presentes um dos colegas conseguiu trazer de casa bem escondido, claro, uma garrafa de Martini seco.
Tem gente que gosta de Martini seco, doce, salgado, tinto, amarelo, sei lá, mas para um adolescente que nunca tinha bebido nada de álcool, aquela seria uma experiência fantástica. Fui o segundo a provar a bebida.
Enchi meio copo e engoli de uma só vez. Até hoje estou na dúvida se o acesso de tosse que veio logo em seguida foi porque a bebida queimou minha garganta ou se engasguei mesmo.
O fato é que pela minha coragem, pelo menos por algum tempo me transformei no grande herói daquela turminha simplesmente por conseguido tomar uns bons goles de Martini sem vomitar logo em seguida.
Outra lembrança das minhas trapalhadas daqueles bons tempos foi a primeira vez que pedi a um amigo para convidar uma simpática vizinha para ir ao cinema comigo. Era um filme de aventuras do Tarzan e que estava passando na matinê do domingo.
Ela em princípio estranhou que um amigo fizesse o convite em meu nome mas, como eu era super tímido e além disso estaria pagando as entradas e a pipoca, acabou aceitando. Mas aceitou na condição de levar duas colegas.
Como estava interessado na menina concordei. E concordar foi uma enorme burrice, primeiro porque tive que pagar duas entradas à mais e segundo pelo simples fato de que as meninas ficaram o tempo todo se derretendo pelo físico do Tarzan.
Resumindo, despesas com entradas, a pouca pipoca que pude comer, ouvi suspiros o tempo inteiro e pior, a garota que me interessava praticamente não me deu atenção.
Bons tempos aqueles em que brincadeiras tão inocentes faziam nossa alegria e namoricos sem compromisso nos obrigavam a caprichar, as vezes exagerar, nos perfumes e nos desodorantes.
Naquela época, chegar em casa por volta de meia noite, depois de ter ido ao cinema e passado numa lanchonete para tomar um caldo de cana e comer uma taça de salada de frutas com sorvete era o símbolo máximo de independência e amadurecimento juvenil.
Lembro-me muito bem da noite que tentei aumentar minha idade para assistir a um filme da Brigitte Bardot. Só comprei o ingresso, fui barrado na entrada e não me devolveram meu dinheiro.
Nossa turma não era tão bagunceira assim e a maior das bagunças que fazíamos era derrubar latas de lixo da vizinhança, que naqueles tempos ficavam expostas na frente das casas desde o inicio da noite.
B em diferente dos tempos de hoje, quando se abre o jornais e verifica-se que crianças já conhecem as drogas, roubam e matam.
Fico imaginando o quanto seria alvo de chacotas e gracejos se viesse a público contar que na minha adolescência, quando se namorava uma menina, o máximo permitido era segurar as mãos e o primeiro beijo, meus amigos, demorava um tempão para acontecer. Certamente me apedrejariam se também contasse que nunca fumei e que meu primeiro porre foi com meio copo de Martini seco.
Entendo perfeitamente que o mundo evoluiu, que a internet chegou e consumo de drogas por jovens e adultos transformou-se numa verdadeira banalidade.
Mas sinceramente, sinto falta daqueles tempos em que eu era um magricela cheio de espinhas no rosto e que meu primeiro porre foi por ter exagerado na dose do Martini seco e ainda pior, ou melhor, sempre detestei cigarro e drogas.
Aliás, meus companheiros e amigos daquela época, pensavam da mesma forma. Portanto, quando abrimos os jornais e assistimos a TV o que mais predomina são as reportagens policiais , quando tomamos conhecimento, mais uma vez, da violência que se espalha por todos os lados. Não seria melhor voltar aos costumes de antigamente ?
Tudo bem, eu entendo . Dá para ouvir as risadas de deboche e os gracejos , mas perguntar não ofende e se querem saber, pelo menos meus filhos seguiram meus melhores exemplos.....
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(.....imagem google.....)