O SUMIÇO.
Recentemente fiz uma crônica intitulada Filho da Mata, relatando a vida de um cãozinho que vivia num capão verde que rodeia meu local de trabalho – O Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul. Pois, é! Não imaginava que a repercussão do episódio fosse redundar no sumiço do protagonista, pois hoje já não o vejo mais perambulando pelas cercanias como era de costume antes da divulgação de minha crônica.
Muitas hipóteses podem surgir em face desse desaparecimento. Eu fico com aquela que tenho imaginado e me dá um arrepio de pensar nela, pois certamente que quando a Direção do Tribunal de Justiça teve conhecimento do fato procurou dar um sumiço no animalzinho, pois, afinal, não poderia permitir que um cão perambulasse por um local próprio para as crianças – a Creche onde ele passou a viver ultimamente. O que arrepia é a idéia de que alguém que não pensa como nós tenha buscado um fim inexorável para o animalzinho. Aí, fico com um pouco de culpa, porque, afinal, foi eu quem revelei sua presença, embora o próprio animalzinho não se escondesse de ninguém.
O fato de cãozinho ter desaparecido não é tão relevante, afinal ele vivia num local impróprio para a sua condição, já que se trata de um local onde ele – certamente – passava por maus momentos quando chovia, pois não contava com um abrigo para proteger-se do frio e das águas da chuva. Aliás, antes dele sumir, depois de uma noite de chuva eu o vi na manhã seguinte todo encharcado e procurando comida pelas redondezas. O que é relevante nessa estória é saber onde ele foi parar e como deve estar neste momento. Alguém o teria adotado? Por acaso foi levado pela horripilante 'carrocinha' da Prefeitura? Teria sido levado para o um Hospital Veterinário para servir de cobaia para alguma experiência? Teria sido deslocado para uma outra região que não causasse mal-estar para os responsáveis por um setor público? Enfim, várias hipóteses podem surgir e isso nos deixa intrigado, posto que aprendemos a gostar daquele animalzinho em face da sua exuberante busca pela existência.
Acho que neste momento o responsável pelo seu sumiço deve ao menos se retratar e dizer as razões de sua atitude e também relatar as condições em que o cãozinho foi retirado e para onde foi levado. Caso isso não for feito, todos aqueles que aprenderam a gostar do “Filho da Mata” irão achar que aquela vida era indiferente para alguns que se acham superiores ao ser vivo e agem só em nome de sua ignorância.