Se a Moda me Pega


Odeio moda. Odiava mesmo quando estava na moda odiar moda. Moda homogeneíza as pessoas e eu amo as diferenças.
Fico mesmo penalizada de ver aquelas pessoas muito presas às modas. Há roupas que não ficam bem para todo mundo. Há roupas que não ficam bem em ninguém e entram em voga por que a vilã charmosa e linda do filme da vez estava usando.
Tenho uma amiga linda. Corpo, rosto, cabelos... tudo perfeito. Mas é dessas que se deixa convencer pelas vendedoras das lojas mais “in” e, de vez em quando, aparece vestida por umas coisas que talvez fizessem algum sucesso nas passarelas dos grandes eventos “fashion” do mundo, onde os modelos apresentam tendências, nunca roupas. Na vida real, não orna.
Fora aquelas marcas que tudo o que lançam vende. Tudo mesmo. A preços que chegam a ser humilhantes para o cidadão médio.
Lembro de uma piadinha, do sujeito que, procurando um presente pra namorada, viu uma saiinha na vitrine de uma loja e entrou para perguntar o preço. A vendedora, cujo salário talvez não ultrapassasse o valor anunciado, respondeu, fingindo não achar grande coisa: seiscentos e noventa e oito reais.
Ele devolveu a peça, chocado:
- Tudo isso?
- Ah! Mas é uma Diesel...
- Nem que fosse flex, moça!
E o que me choca: tem gente que paga!!! Setecentos reais por um pedaço de pano! Porque é de marca, porque está na moda.
Não sou “modafóbica”: há, em cada moda, uma peça ou outra que me agrada e a essas eu me rendo, adoto e uso, mesmo depois que a moda passa.
Mas, o que mais me incomoda na moda é a falta de opção. Você gosta de calças de cintura alta, acha que elas valorizam seu quadril e a cintura violão? Esqueça! Você não acha para comprar. Gosta de camisetas mula manca que disfarçam aquela marquinha no seu ombro sem lhe impedir de exibir o lindo colo bronzeado? Experimente comprar camisas normais e mandar cortar. Ou, se tiver coragem, apele para os brechós. Lá terá mais chance de encontrar alguma coisa que se pareça mais com você do que com a mocinha da novela das oito.
Com tanta antipatia, é natural que a moda também não seja muito minha fã. Penso que estamos no meio de uma guerra e ela usa de todas as suas armas para me conquistar.
Às vezes, seu exército vem em presentes. Pessoas que, ou não me conhecem bem, ou me acham meio démodé, selecionam os melhores exemplares do caldeirão global e me dão de presente. Agradeço, claro, porque sou educadinha. Se der, uso. Senão, indo contra todas as tendências, aviso à pessoa, aproveitando que sinceridade nunca esteve mesmo muito na moda.
Já aconteceu de a moda me passar a perna e, de repente, eu estar na moda. Isto é, ser como eu passa a ser "o que há" e eu fico meio análoga ao restante do mundo. Nem te ligo... Também não sou nenhuma rebelde sem causa que vai mudar seu modo de ser para não estar em voga. Além disso, tem lá suas vantagens: pelo menos consigo achar todas as roupas de que gosto para comprar.
Recentemente, porém, recebi um golpe duro nessa batalha... Minha sobrinha tão querida-cuti-cuti-da-titia, passou no vestibular: é a mais nova e feliz caloura da Faculdade de Moda da UFG.