A chave da minha mala
Perdi a chave de uma mala velha e mandei comprar outra. A mala nova era bonita, moderna, cheia de novidades e oferecia atrativos que a velha não tinha. Pra mim não importava se a mala que eu havia perdido a chave era velha, a cor estivesse desbotada, já não tivesse o brilho dos primeiros dias, e que seu modelo já estivesse ultrapassado, vencido. Era uma mala especial.
O que realmente tinha importância era o que havia dentro da mala. Eram as lembranças. A mala velha me acompanhou em diversas viagens, vivenciou situações, sentiu meus momentos, sofreu meus tormentos, me fez descobrir objetos ocultos, esquecidos entre suas divisões. Mas a chave estava perdida, não havia meio de abri sem causar-lhe mais destruição. O único jeito era comprar uma nova mala. E foi isso que fiz.
Porém, antes de usar a mala nova, encontrei a chave da mala velha. Sem indecisão fui direto à minha companheira de estrada e nela coloquei todos os meus objetos e saí para uma longa viagem.
Alguém pode não entender o porquê da escolha, já que eu tinha à mão algo melhor, mais novo, mais atual... É que não percebeu que naquela ‘ coisa’ antiga tive companheirismo, amizade, lugar para deitar a cabeça e descansar meus pés cansados. Tive onde chorar e encontrar sinal de esperança. Ela faz parte da minha história.
Ao achar a chave da mala velha, tive certeza de que o melhor já estava ao meu alcance