Karine era o seu nome
Professor é dádiva. É dom. É missão. Ou você partilha sonhos ou você apaga sonhos. Não dá para separar as duas coisas. Por isso, que vou caminhando, agora a passos lentos, mas vou caminhando. Prosseguir é o meu objetivo. E nesse meu caminho quando encontrar outras Karines, estarei pronta para acolhê-la nos meus pequenos braços e abrir o meu coração. Por que sou professora com muito orgulho, Foi numa segunda-feira quando me deparei com aquela menina doce de olhos grandes e solitários.
Era uma tarde fria de Julho e lá estava ela olhando para mim. Tinha a ânsia de um vulcão em erupção e apenas nos seus gestos conseguia ler seus pensamentos.
Karine era o seu nome e a sua idade apenas onze anos. Por um momento desejei carregá-la no colo e junto ao meu peito abraçá-la. Era carinho de mãe, naquela circunstância deixei de ser professora. Como eu queria protegê-la e arrancar toda a mágoa que insistia em fechar aquele pequeno coração. Num gesto impetuoso ela se levantou e veio ao meu encontro. Sua voz calma e serena entoava a melodia de Beethoven.
- Professora... Com a voz embargada e olhos marejados de lágrimas sussurrava sua dor.
Olhei atentamente para aquele rostinho angelical e respondi:
- Sim. O que deseja?
- Preciso falar-lhe.
Ao som pronunciado por ela, imediatamente um silêncio tomou conta da sala. Naquele instante todos pararam para ouvir o que aquela garotinha tinha de tão importante para falar.
- Minha querida, estou aqui para ouví-la sempre que precisar.
Lágrimas escorriam-lhe os olhos e um soluço importuno apoderou-se dela. Era o grito da dor. Sim, da dor, da decepção e da incompreensão de muitos.
Rapidamente ajoelhei-me ao seu lado e com meus dedos enxuguei as suas lágrimas. Fiquei ali por alguns minutos, não sei por quanto tempo, mas o que sei, que foi tempo suficiente para contemplá-la e dizer que era muito importante para mim.
Ainda não sei se foi a pior ou a melhor experiência que já tive. Mas foi a que mais mexeu comigo. A minha alma eclodia num misto de impotência e frustração. Viajei no tempo e me vi exatamente ali, naquela sala, naquele lugar, perdida e sozinha. Como a vida é mesmo uma caixinha de surpresas! Eu que pensei que já havia presenciado de tudo, me enganei de novo.
Ser professora não é fácil mesmo. São tantas situações diferentes que acabo me envolvendo sem perceber e quando volto à lucidez perco-me em meus pensamentos.
Aprendi que não adianta querer ser diferente, cumprir regras, modelos e querer deixar de lado o coração. Isso não funciona. O coração e a razão andam juntos e os seus frutos são eternos.
com muita humildade e com muito amor.
Karine era o seu nome, faz parte da minha primeira participação num livro. Fui presenteada em poder estar junto com outros escritores de Louveira, na Antologia Literária com o livro CAMINHO DOS SENTIMENTOS. É o nosso primeiro livro e com muito amor e dedicação partimos em busca dos nossos sonhos. Fomos patrocinados pelo senhor Aparecido Fransciscão, que acredita no nosso potencial.
Nós da Associação de Escritores e Artistas de Louveira, agradecemos.