A "privatização" do Poder Público

A princípio, a afirmativa de que o Poder Público poderia sofrer um processo de privatização pode parecer, no mínimo, muito estranho, para não dizer inusitado, porque a própria denominação “poder público” já está determinando a existência de um poder capaz de possibilitar o gerenciamento da “coisa pública”, e como o que é público não é privado, fica mesmo muito difícil concatenar essas ideias.

Vamos começar conversando a respeito do que está acontecendo com a democracia, o melhor sistema de governo, senão o único possível, que procura trazer o povo a um patamar de igualdade perante a lei, dando a cada cidadão o poder do voto, em condições perfeitamente niveladas entre todos, sem qualquer distinção social, o que, no fundo, resulta em uma aparente grande falha na sua aplicação, considerando-se a verdadeira decadência cultural, moral e cívica da esmagadora quantidade de moradores deste planeta. Tudo bem, que o governo assim empossado vem a representar o “mérito” dos cidadãos que fizeram a escolha, e dessa forma, por razões óbvias, são guindados ao poder elementos que espelham a mentalidade dos votantes em sua maioria, que, se formada por medíocres, o resultado só poderá chegar a um nível de perfeita mediocridade governamental, nada mais, nada menos.

Pois muito bem, a partir daí estamos presenciando, por parte do poder público, uma sucessão de desmandos, de incompetência, de barbaridades antiéticas e morais, com apenas pequenas exceções, o que nos deixa em dúvida quanto ao processo democrático, aplicado em nosso país. É evidente que a afirmação sobre a privatização do poder público não passa de simples retórica, para chamar a atenção de todos que pagam impostos e taxas neste país, sobre o problema conceitual de inversão de valores, que estamos encontrando pelo mundo.

Os eleitos pelo povo deveriam entender que não passam de mandatários dos interesses da coletividade, o que deixa claro que sua função é simplesmente a de servir aos interesses de seus correligionários e não a de “se servir” do cargo, ao qual foi empossado pela vontade dos votantes. O “povão” então não percebe que está sendo dilapidado em seu patrimônio, e assim avaliza todas as ações indecentes desses rapinantes, chegando até a guindá-los novamente ao poder, como “prêmio” de seus bons trabalhos na defesa dos “interesses do público”! _Meu Deus, o ditado que diz “me engana que eu gosto” está sendo levado muito a sério.

Estamos todos intrincados num emaranhado de situações escabrosas, criadas pelo materialismo puro, que está por demais enraizado na cultura e na mentalidade dos moradores deste planeta, desde milhares de anos atrás, exacerbando assim diabolicamente os sentimentos de ódio, apego, egoísmo, ganância, individualismo, presunção, indiferença, inveja e por aí vai; lógico, só podendo chegar nos “belos” resultados que alcançamos nos dias de hoje.

Ora, se tudo isso é o espelho das atitudes negativas que a falta de espiritualidade cria e alimenta, o único caminho para a reversão dessa calamidade está apenas nas mãos dos integrantes da humanidade e de mais ninguém. Deduz-se que, para sairmos desse estado de semisselvageria contemporânea, só mesmo com a mudança radical de atitudes, a partir dos sentimentos de alta positividade, como: amor, desapego, altruísmo, desprendimento, coletivismo, humildade etc., neutralizando assim toda a negatividade destrutiva que está contribuindo para a desmoralização da democracia.

Acredito que, apenas e tão somente, com a reversão dos nossos sentimentos negativos para com nossos semelhantes, transformando-os em ações de prática construtiva, de cunho verdadeiramente democrático, tudo poderá entrar nos eixos, assim começará a haver uma forma de consciência, que nos permita receber as benesses de um governo de coalizão entre os interesses de toda uma coletividade por inteiro, para isso é necessário que aprendamos a votar de verdade, usando esse ato, tão poderoso quão decisivo para a continuidade de uma vida decente, como uma arma de “grosso calibre”, capaz de dizimar de uma vez o corporativismo e a indecência político-partidária contemporânea.

_Vamos tentar?

Moacyr de Lima e Silva
Enviado por Moacyr de Lima e Silva em 17/05/2009
Reeditado em 05/07/2010
Código do texto: T1600045