Elegância

Sou do subúrbio, terra de gente espontânea, humilde e feliz. Não tenho conforto, mas tenho o necessário. Minha simplicidade toma ares de sofisticação durante parte do meu dia, para atender às exigências do ambiente formal de trabalho, mas não se iluda. Sinto-me deslocada: prefiro chinelo a salto-alto, calça jeans à social. A elegância ao caminhar não me convém, pois sou da rua, das pernas, do povo. A agilidade é mais importante do que qualquer tipo de pose.

Isso não quer dizer que não sou elegante, claro que não! Faço meu quê de elegante ao meu modo. A elegância de verdade está no conversar com a senhora diarista, que puxa papo no ponto de ônibus, e cujas marcas do trabalho árduo estão estampadas no tom cansado se sua voz. Elegância é ser educada e cortês mesmo quando não lhe resta quase nada de ânimo ou esperança. Ser elegante é ser rico... De espírito.