Ainda as há
Havia um dia uma princesa, hoje ainda as há. Conservam a realeza, mas perderam o dom de fazer-me imaginar... Ao escutar a história de suas vidas, existia ‘o para sempre’ no final. Ao lê-las transportava-me ao seu mundo. Conseguia ouvir o farfalhar de seu vestido bordado a ouro que lhes escondia os pés, arrastando flores caídas nas escadarias ou nos jardins dos palácios reais. Conseguia ler os seus pensamentos, através dos meus. Sorria com suas conquistas e chorava os seus dramas íntimos. Quem seria o príncipe que a envolveria em seus braços, haveria ela de gostar do beijo roubado sob as estrelas? Chegava a sentir o martírio de suas inquietações, pensando naquele que chegaria de longe, montado em um cavalo branco e conquistaria o seu coração.
Hoje, ‘para sempre’ é relativo. O mundo tornou-se relativo. Eu me “relativei” devido às circunstâncias...
Havia um dia uma princesa, ainda as há, pelo menos no coração das crianças.