O CÚMULO DA DISTRAÇÃO
Aqui na rua onde tenho um pequeno comércio, mais precisamente, Dª Eloá do Valle Quadros – zona leste de São Paulo, o excesso de velocidade por parte de alguns motoristas irresponsáveis é constante, pondo em perigo a vida de inúmeros transeuntes e dos próprios. De vez em quando acontecem pequenos acidentes, mesmo assim os mais incautos continuam esnobando suas máquinas, incluindo também motoqueiros, principalmente quando trazem na garupa algum rabo-de-saia. Amiúde, essa mesma rua parece até pista de corrida. Principalmente nos finais-de-semana ou feriado. Como aumenta o número de pedestres, o perigo aumenta, assustadoramente.
Mas o fato que ocorreu nesse local, recentemente, foi o de uma grande e inusitada distração de um motorista, o qual dirigia o seu carro numa velocidade média, transportando, nada mais nada menos, acredite se quiser, uma cartela de ovos, totalmente solta sobre o capô do carro, ao ponto de ser espatifada a qualquer momento. O susto não seria tão grande quanto a sujeira. E se caísse próximo de algum pedestre? Foi simplesmente impressionante a distração daquele motorista. Realmente não tinha outra explicação para aquela atitude esdrúxula. Ele só parou porque um grupo de rapazes interpelou-o com gestos e gritaria. Caso contrário, ele continuaria dirigindo como se nada de anormal houvesse sobre o capô do seu carro. Se ele agiu daquela maneira por puro esquecimento, foi algo lamentável e até perdoável, sem dúvida. Agora, se foi por esnobismo e de maneira propositada foi um gesto grotesco, estúpido e tresloucado, por que não?
O ser humano é, inegavelmente, difícil de ser entendido. Muitas vezes se esquece ou não sabe que ele é o maior investimento de Deus nesse mundo repleto de coisas absurdas e contraditórias. Só que nesse caso, trata-se de uma estúpida exceção. O mais importante é que a maioria das pessoas tem a capacidade de usar um pouco dos 10% da massa encefálica, felizmente, com responsabilidade e coerência. Caso contrário, o pandemônio imperaria e aí seria aquele Deus nos acuda!
Quanto aquele motorista “esquecido”, após a gritaria dos rapazes, guardou a sua cartela de ovos como deveria, no interior do seu carro. Agora se a esposa, a mãe ou a sogra usaram para fazer um belo bolo até aí tudo bem. Faz sentido. Agora, se ele a levou para um campo de futebol ou mesmo sua rua e despedaçou aqueles ovos na cabeça de algum amigo aniversariante, aí são outros quinhentos, sem falar no desperdício gratuito e desnecessário. Mas, como sempre costumo dizer, cada um, cada um.
João Bosco de Andrade Araújo
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