AS FOTOS DE FULANO DE TAL

Por vezes, nós escritores, somos arrebatados por inspirações automáticas. Sem mais nem menos, elas simplesmente surgem, repentinas, subitamente. Nossa função passa então a ser apenas e tão-somente dar- lhes a vazão necessária para que possam então, migrar de nossa mente ao papel.

Uma palavra, um fato, uma frase, um quadro que se apresente a nossa frente. Qualquer coisa pode dar início ao célere processo que leva muitos escritores a serem considerados gênios. Estou longe disso, bem sei. Apenas tento usar a arte de escrever para transformar um pensamento inútil de alguém em algo proveitoso para a sociedade. Estou também ciente de que muitos de meus textos não possuem o menor apelo, e que se tivessem fim comercial, poderia eu passar grande necessidade financeira. Mas, apesar de alimentar o sonho de viver da palavra, não tenho sinceramente, a ganância de enriquecer, com publicações que possam parecer enredo de novela mexicana, com poder de artificializar a vida, tornando- a tão linda quanto um falso conto de fadas.

Também poderia perder- me por entre tantas fotos que espalham- se pela grande rede. Mas definitivamente, optei pelo algo mais das letras e seu verdadeiro recanto. Prefiro mostrar o cotidiano que ensina, que cobra, que torna a vida tão difícil quanto igualmente saborosa.

Meu leitor não conhece sequer meu rosto. Confesso ser um tanto medroso. Mas a Internet pode ser capaz de hora ou outra pregar- me uma peça. O que alimenta meu amor pelos artigos, crônicas e por qualquer gênero do imenso campo das artes, é a possibilidade de criar na mente de quem me lê, minha essência, traduzindo o que eu sou no íntimo, o que eu quero da vida, o que busco na caminhada. Posso dizer que realizo- me escrevendo, porque as pessoas de certo modo, podem enxergar- se em mim e pela escrita, ter a chance de olhar seu verdadeiro DNA em cada parágrafo.

Quero realmente algo a mais, do que navegar simplesmente pelos caminhos da inutilidade que a famigerada web certamente me oferece aos montes.

Procuro usar o poder do tempo a meu favor. É tudo tão frugal, que não posso me dar ao luxo de parar meu trabalho para escrever tudo errado, estar na moda e achar isso tudo uma maravilha. Não posso chamar quem não me mostra sua essência de amigo.

Na maioria das vezes, as fotos que vejo circulando por aí, porque alguém quer mostrar- se a todo custo, não me dizem nada. A pose atraente de uma mulher seminua é a fuga de alguém que busca achar- se no outro. É a muleta da frustração alheia. Ou é simplesmente a tentativa indevida de quem quer matar o tempo que lhe resta, ouvindo frivolidades a respeito do nada e vendo as fotos de fulano de tal, com as quais ninguém tem nada a ver.

Definitivamente, meu objetivo é outro. Certamente o leitor amigo ouvirá muitas histórias sobre um certo deficiente físico que busca o caminho do despertar da consciência humana, que ainda transita pelos campos dormentes dos sonhos impossíveis, no sono profundo da inércia, que tentarei até sempre acordar.

Marcello Santos
Enviado por Marcello Santos em 17/05/2009
Código do texto: T1599157
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