Como comecei a escrever
Ganhei meu primeiro diário aos onze anos, com uma dedicatória do meu pai, que sem saber me lançava ao mundo da escrita. Desde então são anos de romance com as palavras, que culminou em minha paixão pelos livros. São vidas em minha vida. Cada página um novo espelho, um novo personagem que aos poucos se confundia comigo mesma.
Escrevendo sobre meu dia-a-dia, naquele diálogo de menina, encontrei um grande amigo. Aquele que conversa, ouve e guarda segredo, e que está sempre em branco, esperando ser preenchido pela amizade e fidelidade. Transformava minha realidade com o toque suave de minha caneta e esculpia um futuro de palavras. Pouco a pouco ia me conhecendo e me encantando com o que descobria: meu retrato contornado de sonhos ainda infantis, sem cárceres, sem idealizações impostas, apenas vagando por entre as páginas que sem pressa eram saboreadas.
Ler era minha grande diversão, mais que ganhar bonecas, brincar de amarelinha ou dançar numa matinê. E continua sendo mais que um passatempo, mas sim uma escolha, seguindo o silêncio e a paz. A leitura me leva onde quero, a escrita me define, seja qual for o estilo, apenas sigo meus ecos.
Sou a mesma menina que sorriu ao ganhar seu primeiro diário e desde então escreve o que sente, o que descobre, o que a faz viver.