Salve o porco!
Vários países com casos confirmados. Vinte e cinco casos suspeitos, no Brasil, até a última terça-feira, dia cinco de maio. Enfim, os números são pra todos os gostos e os nomes também: “Gripe Suína”, “Gripe do Porco”, “Gripe do México”, “Gripe Estrangeira”, como você quiser. Ah, tem também o nome científico, que por ser mais técnico, a imprensa parece não gostar muito de pronunciar: “Influenza A H1N1”. Coitado do porco! Tem gente que não quer ver o animal nem mesmo na mesa do jantar, com a aquela maçã enfiada na boca, quanto mais cruzar com o bicho na esquina! Do jeito que as coisas andam, das duas uma: ou o porco vira celebridade, como anti-herói, ou nem no jogo do bicho ele vai mais aparecer. O pior de tudo é que uma simples gripe ou até mesmo um resfriado tem tirado o sono de muita gente. As pessoas se autodiagnosticam e já começam a sentir os possíveis sintomas da tal gripe mexicana. Gente! Mas quais são mesmo esses sintomas? Hoje tive uns calafrios, um pouco de “corisa”, indisposição física, e esse assunto da tal gripe não me saiu da cabeça, até porque ela começou a doer. Quase não fui trabalhar com medo de trombar com um suíno no ponto de ônibus. Oh, céus! Será a gripe do porco?! Mas eu não viajei pro México! Muito menos tive contato com alguém que teve algum contato com quem visitou aquele país ou recebeu alguém de lá. Nossa, isso chega até a ser confuso! Será que eu fiquei contaminado com certas informações viróticas que os meios de comunicação de massa têm veiculado? Meu Deus, coitado daquele meu amigo hipocondríaco da faculdade que vai passar longe do sanduíche de pernil! Com tudo isso acontecendo, e mesmo com dor de cabeça, fiquei pensando no papel que a imprensa tem de manter a população bem informada das questões sociais e de interesse público. Por que será que, algumas vezes, o jornalista se antecipa, dá vereditos, denomina as coisas como bem entende e bate o martelo, antes mesmo de se ter algo concreto? Por que o foco do jornalismo sai, tão de repente, de uma crise internacional sem precedentes e mira no pobre do porco? Coitado do bicho! E coitado dos homens sem olhar crítico, pois nem sempre recebem, de sobremesa, o devido respeito por parte da imprensa que, em alguns momentos, se julga ser o “oráculo da sociedade”. Atchim! Saúde aos homens! E salve o porco!