Geração privilegiada
Assistindo aos noticiários na tv, observando que as notícias são sempre as mesmas, corrupção, roubos, assassinatos...etc...e me vejo pensando nos jovens de hoje...então retorno ao meu passado quando adolescente...rico em sonhos, em lutas, em protestos, em realizações, em descobertas.
"Nós" que nascemos na década de "50", alcançamos a nossa total plenitude na década de "60 / 70", participamos e acompanhamos fatos que mudaram a nossa época, nos marcaram e que nos acompanham até hoje, pois foram fatos marcantes para nós e para o nosso país , por isso estão sempre presentes na nossa lembrança
Sangue fervendo nas veias, lutando pelos nossos ideais, por um país melhor, por uma democracia que era o nosso principal objetivo.
Lembro de meu pai lendo "O Capital" de Karl Marx, às escondidas, e logo em seguida rasgando o livro em pedacinhos e jogando dentro do vaso sanitário para não deixar nenhum vestígio, até então eu não entendia o porquê daquela atitude. As "batidas" policiais em algumas casas, alegando que estavam atrás dos "comunistas", pois naquela época quem não era a favor do governo...era rotulado de "comunista".
Recordo que envolvida nesses acontecimentos renunciei em ser líder de classe, porque não admitia nem aceitava ter que "dedurar" os meus colegas para serem punidos caso fizessem alguma coisa errada, ou participassem das greves que eram muitas. As nossas passeatas reivindicando das coisas mais simples as mais sérias e importantes.
Era tempo de "descobrir" e "encobrir", da mini-saia, dos hippies, dos inesquecíveis "Beatles", do chocante "Woodstok"", que marcou toda uma geração e escandalizou todo o mundo, mas que na verdade, não passou de um movimento, de uma reação, por parte dos jovens, mostrando toda a sua insatisfação com a realidade em que viviam , pregando "Paz e Amor", e assim encontraram uma forma de chamar a atenção do mundo sobre eles, escandalizando e chocando a moral e os bons costumes da época.
Tempo da Jovem Guarda, tendo a frente Roberto Carlos com suas gírias que se tornaram chavões para todos os jovens, que passaram a deixar os seus cabelos mais longos, e as moças com os cabelos "armados" com "laquê". As calças hoje conhecidas como "cocota", naquela época tinha um nome mais sofisticado " Sant Tropez", com suas imensas "boca-de-sino". Caetano Veloso com o seu movimento "Tropicália", com suas roupas super coloridas.
A primeira novela em cores, "O Bem Amado" com o Paulo Gracindo e o seu personagem excepcional "Odorico Paraguaçu". Os festivais. AH! os festivais, que maravilha! alguns artistas consagrados, outros arrasados por causa das suas músicas irreverentes.
Os "Anos Dourados", com os seus bailinhos de formatura, as fugidas aos matinées, os rapazes não eram chamados de "gatos" e sim de "pão", onde os rapazes não "cantavam" e sim "paqueravam", as moças não "ficavam" e sim "namoravam" ao som das músicas do Elvis ( Love me tender) e outras, e as moças cantando "Estúpido Cupido", "Biquíni de Bolinha Amarelinha", "Banho de Lua"...etc...
Os "Anos Rebeldes", quando vimos a violência se instalar pelas ruas, pelas Universidades, os estudantes lutando pelo direito a liberdade de ler , ouvir e falar, a famosa "liberdade de expressão", mulheres viúvas sem saber, filhos já órfãos acreditando que os pais ainda estavam vivos, pois as pessoas que ousavam enfrentar o sistema, eram arrancados da família, presos , torturados e muitas vezes mortos, sem que a família soubesse.
Nos vimos órfãos dos nossos artistas, quer cantores, quer escritores, quer compositores, qualquer um que quando ousavam protestar da única forma que podiam e sabiam que era através da sua arte, eram presos, torturados e exilados, por divulgarem idéias "comunistas", pelo simples fato de não concordarem com a realidade política da época, onde sofriam represálias através da "censura", enquanto nós em protesto, sonhando com um país e um mundo melhor como falava a música "Imagine" de John Lennon, cantávamos "È proibido Proibir", "Pra não dizer que não falei de flores".
Nesta época dentre muitas coisas monstruosas, acompanhamos horrorizados ao desaparecimento do Deputado Rubens Paiva, acusado de ser "comunista", porque era da oposição e se correspondia com pessoas no Chile que eram acusadas de serem "comunistas". Este fato só foi esclarecido muitos anos mais tarde com o depoimento do médico que cuidou dele na prisão.
Mas o clímax disso tudo se deu quando assistimos e acompanhamos ao vivo a chegada do homem a lua...era o impossível acontecendo sob nossos olhos, nos deixando eufóricos e excitados, deixando os nossos pais surpresos e assustados, os nossos avós revoltados e escandalizados, achando que o que estavam fazendo era sacrilégio e pecado, pois alguns católicos antigos, acreditavam que estavam invadindo uma terra considerada santa, guardada por São Jorge e o seu cavalo, outros ainda, nunca acreditaram que isso aconteceu realmente.
Vivemos e sobrevivemos, e hoje, podemos recordar e contar que participamos dos fatos mais importantes que marcaram o mundo e em particular o nosso país, por isso podemos afirmar sem nenhuma dúvida e com toda convicção que a nossa geração pode ser chamada e considerada de "Geração Privilegiada".
Assistindo aos noticiários na tv, observando que as notícias são sempre as mesmas, corrupção, roubos, assassinatos...etc...e me vejo pensando nos jovens de hoje...então retorno ao meu passado quando adolescente...rico em sonhos, em lutas, em protestos, em realizações, em descobertas.
"Nós" que nascemos na década de "50", alcançamos a nossa total plenitude na década de "60 / 70", participamos e acompanhamos fatos que mudaram a nossa época, nos marcaram e que nos acompanham até hoje, pois foram fatos marcantes para nós e para o nosso país , por isso estão sempre presentes na nossa lembrança
Sangue fervendo nas veias, lutando pelos nossos ideais, por um país melhor, por uma democracia que era o nosso principal objetivo.
Lembro de meu pai lendo "O Capital" de Karl Marx, às escondidas, e logo em seguida rasgando o livro em pedacinhos e jogando dentro do vaso sanitário para não deixar nenhum vestígio, até então eu não entendia o porquê daquela atitude. As "batidas" policiais em algumas casas, alegando que estavam atrás dos "comunistas", pois naquela época quem não era a favor do governo...era rotulado de "comunista".
Recordo que envolvida nesses acontecimentos renunciei em ser líder de classe, porque não admitia nem aceitava ter que "dedurar" os meus colegas para serem punidos caso fizessem alguma coisa errada, ou participassem das greves que eram muitas. As nossas passeatas reivindicando das coisas mais simples as mais sérias e importantes.
Era tempo de "descobrir" e "encobrir", da mini-saia, dos hippies, dos inesquecíveis "Beatles", do chocante "Woodstok"", que marcou toda uma geração e escandalizou todo o mundo, mas que na verdade, não passou de um movimento, de uma reação, por parte dos jovens, mostrando toda a sua insatisfação com a realidade em que viviam , pregando "Paz e Amor", e assim encontraram uma forma de chamar a atenção do mundo sobre eles, escandalizando e chocando a moral e os bons costumes da época.
Tempo da Jovem Guarda, tendo a frente Roberto Carlos com suas gírias que se tornaram chavões para todos os jovens, que passaram a deixar os seus cabelos mais longos, e as moças com os cabelos "armados" com "laquê". As calças hoje conhecidas como "cocota", naquela época tinha um nome mais sofisticado " Sant Tropez", com suas imensas "boca-de-sino". Caetano Veloso com o seu movimento "Tropicália", com suas roupas super coloridas.
A primeira novela em cores, "O Bem Amado" com o Paulo Gracindo e o seu personagem excepcional "Odorico Paraguaçu". Os festivais. AH! os festivais, que maravilha! alguns artistas consagrados, outros arrasados por causa das suas músicas irreverentes.
Os "Anos Dourados", com os seus bailinhos de formatura, as fugidas aos matinées, os rapazes não eram chamados de "gatos" e sim de "pão", onde os rapazes não "cantavam" e sim "paqueravam", as moças não "ficavam" e sim "namoravam" ao som das músicas do Elvis ( Love me tender) e outras, e as moças cantando "Estúpido Cupido", "Biquíni de Bolinha Amarelinha", "Banho de Lua"...etc...
Os "Anos Rebeldes", quando vimos a violência se instalar pelas ruas, pelas Universidades, os estudantes lutando pelo direito a liberdade de ler , ouvir e falar, a famosa "liberdade de expressão", mulheres viúvas sem saber, filhos já órfãos acreditando que os pais ainda estavam vivos, pois as pessoas que ousavam enfrentar o sistema, eram arrancados da família, presos , torturados e muitas vezes mortos, sem que a família soubesse.
Nos vimos órfãos dos nossos artistas, quer cantores, quer escritores, quer compositores, qualquer um que quando ousavam protestar da única forma que podiam e sabiam que era através da sua arte, eram presos, torturados e exilados, por divulgarem idéias "comunistas", pelo simples fato de não concordarem com a realidade política da época, onde sofriam represálias através da "censura", enquanto nós em protesto, sonhando com um país e um mundo melhor como falava a música "Imagine" de John Lennon, cantávamos "È proibido Proibir", "Pra não dizer que não falei de flores".
Nesta época dentre muitas coisas monstruosas, acompanhamos horrorizados ao desaparecimento do Deputado Rubens Paiva, acusado de ser "comunista", porque era da oposição e se correspondia com pessoas no Chile que eram acusadas de serem "comunistas". Este fato só foi esclarecido muitos anos mais tarde com o depoimento do médico que cuidou dele na prisão.
Mas o clímax disso tudo se deu quando assistimos e acompanhamos ao vivo a chegada do homem a lua...era o impossível acontecendo sob nossos olhos, nos deixando eufóricos e excitados, deixando os nossos pais surpresos e assustados, os nossos avós revoltados e escandalizados, achando que o que estavam fazendo era sacrilégio e pecado, pois alguns católicos antigos, acreditavam que estavam invadindo uma terra considerada santa, guardada por São Jorge e o seu cavalo, outros ainda, nunca acreditaram que isso aconteceu realmente.
Vivemos e sobrevivemos, e hoje, podemos recordar e contar que participamos dos fatos mais importantes que marcaram o mundo e em particular o nosso país, por isso podemos afirmar sem nenhuma dúvida e com toda convicção que a nossa geração pode ser chamada e considerada de "Geração Privilegiada".