Fernando Cabral - reserva moral de Itabaiana

O que mais impressionava no Fernando Cabral, além da saúde de ferro e disposição para o trabalho, era a retidão de caráter. Foi político numa época em que os políticos eram respeitados pelo povo. Não ganhavam dinheiro para exercer cargo público. Com um perfil intelectual bem acima da média, de temperamento conciliador e sempre permeável ao diálogo, embora intransigente em matéria de princípios, ele é apontado como uma reserva moral da política itabaianense. Foi prefeito do lugar e sempre dignificou os cargos em que foi titular.

Nesses tempos de corrupção desenfreada, a honestidade e retidão de caráter são coisas que não devem ser menosprezada ao se analisar o homem público. O ex-prefeito Fernando Cabral serve de contraponto diante da imagem historicamente associada à classe política, que na versão corrente costumaria vaguear, como regra, entre a incompetência e a corrupção. Seu único senão seria ter apoiado os militares golpistas de 1964, o que estigmatizou muita gente boa, mas conservadora, que na hora do “pega” apoiou os militares com medo de uma improvável dominação comunista no País. Como homem pertencente às classes conservadoras, foi fiel ao seu pensamento e deu respaldo ao golpe militar.

Fernando Cabral foi radioamador durante 60 anos, operando em todas as faixas de freqüência. Decano do radioamadorismo da Paraíba, esteve em todos os eventos relacionados à história do radioamadorismo no Brasil, desde seus primórdios na década de 40, cooperando com a união dos povos do mundo todo através da comunicação.

Ao lamentar a morte de Fernando Cabral, que era tio de minha esposa Ivana Cabral, eu tenho que falar da deterioração da qualidade da classe política. A morte do honrado homem público itabaianense é uma grande perda.

Ele faleceu em 24 de agosto, de causas naturais. Nesse mundo de políticos com reputação dúbia e intenções suspeitas, é uma pena falar de homens bons como Fernando Cabral, registrando seu desaparecimento físico. Fica o exemplo.

Fábio Mozart
Enviado por Fábio Mozart em 15/05/2009
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