Sexo & poder

Li em uma revista, por sinal muito interessante, chamada Continente Multicultural, e passo para meus três ou quatro leitores desta coluna. São dois fatos relacionados com sexo e poder. O primeiro tem como protagonista o então Presidente da Paraíba, Camilo de Holanda (antes de 30 os governadores eram chamados de presidentes). Esse Camilo de Holanda foi um Presidente muito trabalhador, urbanizou a capital e fez grandes obras públicas no Estado. Ele era parente do comediante Jô Soares, da Rede Globo de Televisão. Camilo de Holanda tinha raízes na cidade de Itabaiana.

Pois bem, quem conta é o escritor Sebastião Nery: Camilo de Holanda tinha uma namorada. A namorada era mulher de um sargento da Polícia Militar. Uma vez por semana, já de propósito, o tenente-comandante dava prontidão noturna no quartel. E o velho Camilo, sem sustos, saía do palácio e ia ver seu amor.

Uma noite, Camilo ia chegando à casa dela e viu, pendurado numa cadeira da sala, o dólmã do sargento. Voltou furioso ao quartel: - Tenente, e minhas ordens?

- Que ordens, presidente?

- Prontidão rigorosa, que a segurança pública está ameaçada.

O tenente mandou tocar a corneta. Dentro de pouco tempo, o batalhão estava todo lá, de prontidão absoluta. Não faltava ninguém. Meia noite, Camilo voltou lépido:

- Tenente, relaxa a prontidão que a ameaça à segurança já passou.

A ameaça era ele.

Essa outra aconteceu em Portugal, em 1487, e está nos Autos arquivados na Torre do Tombo, Armário 5, Maço 7. Quem duvidar que vá pesquisar nesses arquivos históricos em Lisboa. O Padre Francisco da Costa, Prior de Trancoso, 62 anos de idade, foi condenado ao degredo de suas ordens e ao esquartejamento, pelo crime de ter dormido com 29 afilhadas e tendo delas 97 filhas e 37 filhos; de cinco irmãs teve 18 filhos; de nove comadres 38 filhos e 18 filhas, e da própria mãe teve dois filhos, entre muitos outros acasalamentos. No total, o Padre concebeu em 53 mulheres, totalizando 299 filhos e filhas. Diante de tanta capacidade reprodutiva, El-Rei D. João I lhe perdoou e o mandou pôr em liberdade, com o fundamento de ajudar a povoar aquela região da Beira Alta, tão despovoada ao tempo.

Fábio Mozart
Enviado por Fábio Mozart em 15/05/2009
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