Pérolas aos porcos!
Há pessoas abjetas que têm a insensatez de dizerem que temos o lixo doméstico mais nutritivo do mundo e que o povo não passaria fome se soubesse preparar as cascas de frutas e legumes, as folhas e talos, os invólucros e recipientes naturais e outras coisas que as próprias não comeriam. Interessante observar que essas receitas só são estimuladas e prescritas para os pobres e necessitados. -Ora! É claro. Pobre não produz lixo! Só produz lixo quem tem capital para adquirir e acumular, e, por conseguinte, desperdiçar. Mas, não nego que temos o lixo mais nutritivo do mundo. No Brasil existem milhões de seres, tais como urubus, porcos, cães, gatos, ratos, formigas, baratas e sobretudo vermes, muitos vermes; ( incluam aí milhares de homens,mulheres, crianças e velhos) que sobrevivem comendo o que conseguem obter dos lixões nacionais. Quando chegam os caminhões repletos de lixo é uma verdadeira festa. Um banquete, um bacanal, digno do deslumbre dos olhos piedosos e piegas da burguesia tupiniquim. Que frenesi, que ânsia, que disputa pelos melhores pedaços e partes do botim. Deveriam construir arquibancadas e cobrar ingressos para os turistas assistirem a este este enorme espetáculo particularmente vergonhoso. Projeto suntuoso de um desses arquitetos pós-modernistas e realização de uma construtora corruptora, sob a égide de um político corrupto, construída em tempo recorde, sem licitação, por causa (-é claro!) da urgência do projeto. A obra poderia ser utilizada no período de baixa estação para a educação e formação de novos catadores e comedores de lixo. -Ora, pois não!
O Brasil também se destaca por ter uma grande produção de lixo na agricultura. E esse é ,particularmente, extremamente nutritivo. Falo das produções agrícolas que são perdidas e destruídas por conta da impossibilidade de escoamento da safra devido às estradas que, quando existem, estão sempre em péssimas condições de uso e não permitem o tráfego de caminhões abarrotados de produtos alimentícios perecíveis que apodrecem à beira do caminho da incompetência e do descaso.
Por vários anos trabalhei próximo a um lixão em Natal e constatei o que é a miséria humana, a degradação, o fundo do poço. Mas, também, testemunhei histórias de pessoas simples e, dentro do possível, honestas, lutando honradamente pela sobrevivência. Pessoas que aprendi a respeitar e admirar. Nunca senti por elas o asco e o nojo que sinto pelos políticos corruptos que infestam a arena do Congresso Nacional, e que são também, em parte, os responsáveis por esse caos que paralisa o país.