Naquele bar...
(Devaneio)
Naquele bar, ele conversava com uma velha amiga sobre seus amores. E sem citar o nome, ele falou, demoradamente, sobre seu reencontro com aquela que fora sua paixão mais antiga; ela era ainda uma menina!
Em homenagem a um passado já tão distante... ele recitou Pecadores, um soneto do poeta nordestino Bastos Tigre.
Dois corpos num só corpo confundidos.
Duas vontades numa só vontade.
Uma fusão completa dos sentidos
Num momento que vale a eternidade.
De cuidados e penas esquecidos,
Nos estos do delírio que os invade,
Ei-los na mesma chama consumidos
Na pira, em rubro ardor, da mocidade.
- Vil pecado de amor! O justo grita.
E a Virtude: - Satã na carne habita!
E eis que um clamor de escândalo reboa.
Deus, porém, do seu trono constelado,
Ante a glória e a beleza do pecado,
Sorrindo, os pecadores abençoa.
Depois do terceiro vinho, ele quase revelou o nome dela... Recuou, plantando na amiga a mais desconcertante expectativa...
Ao ser perguntado, com insistência, quem, afinal, era ela, simplesmente citou Rubem Alves: meu amor mais antigo hoje "mora num passado sem volta".
Sem arrodeios, foi chamado de "incorrigível romântico"... Ele sorriu. E justificou seu romantismo com esta frase do Olavo Drummond: "Venho de uma época em que uma pétala valia mais do que uma corbeille."
Foi aplaudido pela amiga, também uma romântica incorrigível.
Depois de mais alguns tragos, ele disse à amiga como afagar um grande amor...
- Olha, fulana, até uma frase em francês é válido. Je t´aime, por exemplo, é tão doce como o carinhoso "te amo"...
E nada mais acariciante do que, no final da noite, quase madrugada, uma despedida com um Ne me quitte pas! Ne me quitte pas!"
Lá pras tantas, a pergunta definitiva e contundente:
- "E sua paixão mais antiga, a esta altura, por onde anda?"
E ele: - Provavelmente a bordo de alguma nuvem peregrina, ouvindo uma canção do Roberto.
Os dois se abraçaram, pegando cada um o seu rumo...
(Devaneio)
Naquele bar, ele conversava com uma velha amiga sobre seus amores. E sem citar o nome, ele falou, demoradamente, sobre seu reencontro com aquela que fora sua paixão mais antiga; ela era ainda uma menina!
Em homenagem a um passado já tão distante... ele recitou Pecadores, um soneto do poeta nordestino Bastos Tigre.
Dois corpos num só corpo confundidos.
Duas vontades numa só vontade.
Uma fusão completa dos sentidos
Num momento que vale a eternidade.
De cuidados e penas esquecidos,
Nos estos do delírio que os invade,
Ei-los na mesma chama consumidos
Na pira, em rubro ardor, da mocidade.
- Vil pecado de amor! O justo grita.
E a Virtude: - Satã na carne habita!
E eis que um clamor de escândalo reboa.
Deus, porém, do seu trono constelado,
Ante a glória e a beleza do pecado,
Sorrindo, os pecadores abençoa.
Depois do terceiro vinho, ele quase revelou o nome dela... Recuou, plantando na amiga a mais desconcertante expectativa...
Ao ser perguntado, com insistência, quem, afinal, era ela, simplesmente citou Rubem Alves: meu amor mais antigo hoje "mora num passado sem volta".
Sem arrodeios, foi chamado de "incorrigível romântico"... Ele sorriu. E justificou seu romantismo com esta frase do Olavo Drummond: "Venho de uma época em que uma pétala valia mais do que uma corbeille."
Foi aplaudido pela amiga, também uma romântica incorrigível.
Depois de mais alguns tragos, ele disse à amiga como afagar um grande amor...
- Olha, fulana, até uma frase em francês é válido. Je t´aime, por exemplo, é tão doce como o carinhoso "te amo"...
E nada mais acariciante do que, no final da noite, quase madrugada, uma despedida com um Ne me quitte pas! Ne me quitte pas!"
Lá pras tantas, a pergunta definitiva e contundente:
- "E sua paixão mais antiga, a esta altura, por onde anda?"
E ele: - Provavelmente a bordo de alguma nuvem peregrina, ouvindo uma canção do Roberto.
Os dois se abraçaram, pegando cada um o seu rumo...