QUERIA SÓ SER ENGENHEIRA...rsrsrs
Minhas queridas EX-colegas de escritório,
Acordei ontem animada e disposta, com planos e novos sonhos na cabeça e coração.
Eu estava feliz por esta possibilidade de convivência e aprendizado.
À tarde, me arrumei, tomei banho, passei perfume, coloquei até um salto e fui praí.
Peito aberto, como sempre, vibrei junto com o verde kiwi da parede!!
Para brindar, não ao verde kiwi que eu nem sabia, mas ao nosso encontro e a amizade que se iniciava, levei UMA garrafa de proseco... seria um brinde leve e educado.
Mas, descobri que deste escritório minam, brotam garrafas de qualquer coisa que estiver na frente...
O proseco acabou, rolou rum com coca-cola, depois mais tarde sei lá o quê trouxeram de sei lá onde, meu Deus!!! ...
Enfim, estou aqui para agradecer e me despedir.
Por segurança, porque afinal tenho uma filha pra criar, não posso mais voltar... Entrei ai sã e bem intencionada e já no PRIMEIRO dia de trabalho :
- Não sei como cheguei em casa!
- Não sei o que disse para o porteiro do prédio!
- Não sei como peguei o elevador!
- Não sei o que disse pra minha filha (!!!!!!!!!!!!!),
- Não sei como troquei de roupa!
- Não sei nada!
Mas me lembro como tentava controlar meus passos, me manter firme e elegante (e não cambaleante), como se eu estivesse normal, para que iludisse sobre minha sobriedade qualquer ser humano que me visse.
Entrei num lugar sabendo quase tudo, porque na verdade tinha algumas dúvidas sobre arquitetura, e saí sem saber nem meu sobrenome!!!
Me lembro vagamente do alívio quando consegui estacionar na minha vaga e que já tinha me decidido dormir no carro, afinal a garagem é um lugar protegido e com os vidros fechados, que problema teria?
Não sabia que meu anjo da guarda tinha carteira de motorista, que bom!! Não que eu pretenda que "ele" passe a dirigir prá mim mais vezes, pois pretendo manter a lucidez... aquela de antes... antes deu entrar porta a dentro de um "suposto" escritório de arquitetura.
Acordei com um cobertor em cima do corpo, graças a Deus, deitada na minha cama, mas a primeira música que veio à minha cabeça, qdo abri o primeiro olho - porque o outro se recusava - foi: "Traga-me um copo dágua, eu tenho sede... e esta sede pode me matar"
Pensei, por alguns segundos, que estava na Bahia, em Salvador, num show de Dominguinhos, ali no Pelourinho.
No banheiro encontrei rastros de pasta de dente na torneira e no espelho, o tubo sem tampa, uma lente de contato estava no estojo e a outra nunca mais será encontrada, tenho certeza!
Metros de papel higiênico espichados, pendurados ainda no rolo e minhas digitais em todo o blindex, como se eu tivesse procurado muito por algum suporte-de-erguer-gente-bêbada.
Lembrei do meu notebook e não consegui encontrar em parte alguma do apartamento.
Fiquei agoniada tentando me lembrar se havia esquecido aí.
Abri a porta para ver se tinha deixado no carro e lá estava ele, coitado, encostado perto do elevador.
Devo tê-lo apoiado no chão para procurar a chave da casa.
Enfim, acho perigosa esta nossa relação. O que mais pode não acontecer?? Passo aí depois prá pegar minhas coisas.
Beijo com carinho,