Solta o som, DJ!
Quem nunca se identificou com uma música, que atire a primeira pedra.
Não vejo pedras por aqui, logo posso continuar...
A música vem de muito tempo. Aposto que aquela galera das cavernas fazia algum tipo de batuque, um luau – até porque lá a necessidade de fogueiras era muito maior do que hoje. E desde àquela época, eu garanto que a música marcava a vida das pessoas.
A minha vida parece um filme musical. Eu durmo e acordo escutando música. Na minha cabeça existe uma espécie de “Rádio Cérebro”, para dar um jeito de escutar música quando não pode. Acho até que existe uma espécie de “As 100 melhores da sua vida”... Daqui a pouco, vai aparecer vendendo na TV, em cinco vezes sem juros, numa latinha colorida.
Duvida de mim? Imagine que você está jogado lá no seu sofá, assistindo um filme. Começa uma cena: Um primeiro olhar entre duas pessoas que vão iniciar uma história de amor. Aposto que nessa cena terá música; se a vida imita a arte, por que eu vou viver numa vida sem som? É a mesma coisa me pedir pra viver a vida em preto e branco!
O caso é que existem dois tipos da trilha sonora da sua vida: A preparada e a improvisada. Vamos analisar:
A preparada é moleza. É aquela música que te põe pra cima quando você quer chorar, ou chora com você, aquela que te lembra alguém, ou pela letra, ou porque é a banda favorita, aquela que diz o que você quer dizer e às vezes não tem coragem, que se encaixa na sua vida, no seu coração, em uma situação. Geralmente esta música não é tocada menos de duzentas e quarenta e cinco vezes por semana, ela é o primeiro lugar da sua “Rádio Cérebro”. Você escreve a estrofe principal em caderno, papel, tira as cifras “batucando” em todos os cantos, e seja lá o que você imaginar a cerca da situação que te remeta à bendita união de ‘voz + melodia’, vai fazer um ‘clipe’, igualzinho ao do filme que eu falei lá em cima. Mole! O difícil é a improvisada - até porque, tudo que o cérebro não pode controlar e o coração não pode evitar é complicado.
É possível, ainda mais num país como o Brasil – muito eclético – que a trilha sonora do seu primeiro beijo com o seu amor tenha sido algo como “Não se reprima”, sucesso dos Menudos nos anos 80, ou que você escute “Pare o Casamento”, da Vanderléia e instantaneamente se lembre daquele seu churrasco de formatura. Essa é a trilha improvisada, você não tem poder de mudá-la, o que tem uma vantagem e uma desvantagem: A vantagem é que a surpresa oferece uma variação que você não permitiria se escolhesse as músicas. Por vezes, fica até divertido. Por exemplo, no meu aniversário de vinte e dois anos, a música mais marcante foi “Sandra Rosa Madalena”, do Sidney Magal, só porque eu não contava que em novembro estaria 15º no dia do meu aniversário e eu usei uma blusa vermelha ‘bufante’. Nessa época, a música já era tão antiga que, somando as idades das sete pessoas que cantavam escandalosamente cada palavra, não chegávamos a idade de existência da música. Foi super divertido, afinal foi uma surpresa, todos foram espontâneos.
A desvantagem é que, nem sempre a letra da música traduz o sentimento – e essa parte se divide em duas: Quando a música não tem nada a ver com a situação e quando você acha que ela se encaixou perfeitamente, e depois vê que cometeu um engano.
Quando a música não tem nada a ver com a situação só há uma coisa a fazer: SE CONFORMAR! Não adianta tentar mudar. Se tentar encaixar um elemento diferente, a realidade se perdeu, você estará tentando mudar uma lembrança. Isso é quase viver uma mentira, já que, aquele momento que foi especial se foi, você quis colocar outro no lugar. Entenda uma coisa: Momentos especiais, bons ou ruins, se fazem de TODOS os elementos que existiam quando aconteceu a ‘cena’. Logo, se a música que marca sua formatura é “Eu não sou cachorro não”, ou que marca seu namoro é “Dormi na praça” ou ainda, no dia do seu casamento, passou um bêbado com som alto na porta da Igreja, na hora que você estava entrando, tocando “Ilariê”... VIVA! Você vai ter uma trilha sonora exótica, uma história para contar naquelas festas de fim de ano da empresa, nos finais de semana chuvosos e para seus netos (tenho pena dos netos, só escutam histórias desse porte – já viu que, tudo que aprontamos, a gente justifica assim: “Ah, pelo menos vou ter o que contar pros netos!” Depois, ninguém sabe por que os jovens estão cada vez mais pirados, eu hein!)
E quando você comete um engano? Aí é que a coisa fica feia. Sabe por quê? Você projeta a situação na música, o que virá dali para frente... Prato cheio para isso são as músicas de “primeiro beijo”.
Vamos construir a cena:
Olhares trocados. Olho, boca, olho, boca e... BEIJO! Na hora que você acaba aquele beijo, que fez você esquecer por um momento de todos os outros, se percebe um som... A bendita da música diz lá: “Eu simplesmente não sei mais, gostar de alguém sem ser você.” PRONTO! Já era. Se rolar um sorrisinho amarelo depois, então... É uma concordância tácita que a música está dizendo a verdade. E isso é mais fácil de ver do que parece, viu? Aconteceu comigo: A tradução da música era: “eu NUNCA vou fazer você chorar, e nunca vou te contar mentiras.” E adivinhem: A única coisa que o sujeito conseguiu foi me fazer chorar e por quê? Justamente por que mentiu!O que fazer nessa hipótese? Não odeie o cantor, banda, ou seja lá o que for...Ele não tem culpa. E prepare-se: Onde você estiver a tal música vai te seguir, se prepare.
E agora? Como vou fazer o musical da minha vida da melhor maneira? Simples! Não esqueçam nem as músicas que acompanharam seu sofrimento; isso mostra que você superou aquela fase. Não troque suas memórias por outras... as suas são mais divertidas, além de serem privativas. E não idealize pela música o desfecho da situação: A melhor música de amor pode embalar um fim, e aquela canção de mau gosto pode sim, ser a trilha de uma paixão inesquecível...
Canta,dança,grita!...Não se reprima!