Peça Inacabada (enfim acabada...)

Não pode ser tola coincidência.

Pois coincidem as peças da tragicomédia.

Num ato,

os atores são só olhos.

Olhos que se encaram.

Reconhecem-se?

Desafiam!

E, depois, disfarçam...

No segundo ato,

repentina surpresa!

A personificação da lembrança.

Abraços,

Beijos,

(não pra ela!)

Pra ela:

- um aperto de mão!

A expectativa míngua.

Ela não guarda a voz.

Só o sorriso,

o perfume...

Terceiro Ato.

Um taquicardia,

mente vazia,

respiração suspensa.

Ela diz.

Ele não entende.

Confusão de mãos,

constranger de emoções.

Quarto Ato.

Após arriscado plano

ela não vê,

mas é vista.

Os ponteiros já avançados nas horas,

congelam no encontro.

Ao caminhar, ele é singular!

Um gracejo no ar.

A seus pés o chão parece desestabilizar.

E em choque, ela o vê (e deixa) passar...

Quinto Ato.

Ela já sabe seu nome.

Ele nem desconfia do dela.

O rubor tinge-lhe a face

e a verdade perpassa em seu olhar.

Ele não vê (ou vê?)

Ela nunca saberá...

Hoje seu sorriso é fantasticamente lindo.

Sua mãe volta ao lar!

Ela, moça insegura, fica a se perguntar

se de suas artimanhas, ele descofiara?

Sexto Ato.

Ela está só.

Teria o universo conspirado a seu favor?

O vê passar,

acelera o coração e toma conta o pavor.

A salvação (ou não!), chega.

Ela fica mais confiante,

ele, nem tanto...

Numa profusão de gestos e palavras soltas,

ele não estende-lhe a mão.

Cismada, ela implode

como um tufão.

Mas, recuperada, dá voz a razão.

Poderia ter (a ele), apenas, faltado atenção

a ocasião...

Sétimo Ato (11.01.09)

Ela lança um desafio ao ar.

Não negará, mas tentará se controlar.

Desconfia de que já é percebida,

mas, incrivelmente não liga.

Dissimulação.

Essa será a estratégia que irá usar!

Oitavo Ato (08.03.09)

Ela o viu hoje.

Tão perto e...

Tão longe...

Ecoa na memória dela,

Nesse recanto banhado de lua

e encanto de contos...

O primeiro olhar.

Quem dera fosse mais que isso...

...fosse seu nome sussurrado...

...um sorriso para si esboçado...

...um beijo roubado...

A menina olha pela janela,

Quando enfim

Poderá naqueles olhos despreocupadamente

Mergulhar?

Será que há algum mal em desejar?

Uma estrela cai na imensidão do mar

E de olhos fechados ela relembra seu olhar...

ATO FINAL

A menina admira-se.

sonhando descobre estar.

e chocada põe-se a levantar.

Num último ato,

triste,

percebe que por um triz

conseguia seu final feliz.

Ele, no entanto,

tão triste por outro amor,

lhe causa terror...

um estranho pavor...

ele não estará disposto a conceder seu amor,

não enquanto houver dor...

(06.05.09)

Bella Dona
Enviado por Bella Dona em 12/05/2009
Código do texto: T1590347
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