Eu a montaria, o instituto e o mastercard
 
 Até desconfio que haja perseguição contra as mulheres no quesito consumo, também imagino que existam certos “censos” de machismo em pesquisas de consumidores. Vez ou outra Vox Populi x Ibope trocam acusações sobre quem deixou de ouvir o “eleitorado másculo” e apontam enormes divergências entre resultados. E quando falamos em consumismo... Existem estudos onde há disparidades entre machos e fêmeas, e que dão amplas vantagens para nós homens, inclusive eu posso até está sendo um destes geradores de discórdias entre tais institutos de pesquisas, pois nunca fui perguntado nem se “Tostines vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais”. 
 
  Ontem fui ao shopping, confesso que um tanto receoso, pois toda vez que piso numa daquelas escadas rolantes me dá um aperto enorme no peito, mas como era dia das mães decidi realizar um passeio em família. De cara minha mulher pediu para “dar uma passadinha” na loja Renner, pois necessitaria verificar seus saldos... Saldo o quê? Assim que a maquininha personificada começou a falar (Ah sim... Ela fala com a gente... Retruco mais ela nem tchun pra mim) percebi que tinha ao menos duas prestações vencidas e outra com vencimento próximo. Não tive dúvida. Saquei meu “velho e malvado” cartão de débito da carteira e pus-me em saldar as dívidas. Aproveitando e paguei mais duas posteriores para não correr o risco de topar com a tal maquininha nos próximos três meses. E lá se vão 345 paus! E fomos nós... Ao passar em frente a loja de calçados meu filho dá um berro.

- Pai a bota do Aranha!
  
  Bem ele só falta subir pelas paredes, pois agora com as botas é a mini versão do Homem Aranha. Luva. Mascara. Fantasia. Cueca. E por aí vai. Como autênticos pais corujas, entramos na loja e pedimos ao vendedor a tal bota que já vem até com uma capa.
  
  Logo ela me incentiva e tenta convencer-me a comprar um sapato... Pudera, o último (único que “tinha”) que comprei foi em Setembro 2008, há época precisava participar de um congresso e tive que fazer umas comprinhas, mas continuando, argumenta que preciso andar mais arrumado e coisa e tal. Caminho até a vitrine e aponto dois pares para o vendedor, também peço dois modelos de cintos para combinar.
   
  Ela observa tudo, meio que distante, me comovo e pergunto se não vai levar nadinha...  Afinal o dia seria propício a comoção. Dia das Mães... Trabalho duro. Lida da casa. Merecedora. Percebo um sorrisinho meio cínico em seu rosto (como quem diz: Eu sabia) e logo se põe a vasculhar a loja. Pede um bota ao vendedor que estampa um baita sorriso no rosto. O camarada traz três modelos diferente nos dizendo tratar-se de bota para “montaria”.... Ah esse Instituto Gallup! Não podia ficar mesmo de fora. Logo penso: Ai Jesus! Só me faltam a cela e as esporas...  Prova uma, duas e três e nada. Dizendo ter as “batatas das pernas grossas” e que necessitava uma que fosse ajustável. Imediatamente lembro do anúncio do cartão de crédito: “Existem coisas que o dinheiro não compra, para as outras existe mastercard”... Observo pensando naquelas abençoadas batatas. Enfim encontra a tal bota de montaria e finalizamos as compras.
  
  Pago com meu mastercard e cinco vezes sem juros... E lá se vão mais 495 mangos. Passear com a família em domingo Dia das Mães realmente não tem preço para outras coisas a gente se vira.
 
Samuel Moraes
10/05/2009
Sidrônio Moraes
Enviado por Sidrônio Moraes em 12/05/2009
Reeditado em 17/05/2015
Código do texto: T1590291
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