Sai barato
É tipo um comércio ‘livre’, onde tudo que você possa imaginar e não imaginar é vendido. Melhor, negociado, porque se você pechinchar sai barato. E o mais impressionante é que não tem patrão, empregado, procedência, fiscalização, polícia, nada, é cada um por si e Deus por cada um deles! Quando menos se espera, aparece um oferecendo seu produto, às vezes nem ele mesmo sabe pra que serve a mercadoria, nova ou usada, o importante mesmo é o que se oferece por ela. É bateria de celular, carregador, ferramentas, antenas, plástico a metro, máquina de levar, carrinho de mão, escada, fios elétricos, calçados e até alguns produtos inusitados como xampu novo ou pela metade, meias, calcinhas e cuecas que só foram usadas uma vez (hehehe), dentaduras... Enfim, cama, mesa e banho, eletro e eletrônico, produtos de higiene, limpeza e de alimentação, tudo para você e sua casa em um só lugar, e por um precinho inigualável. A máquina, por exemplo, custou apenas vinte reais e o restante então, nem se fala. É lhe oferecido por dez reais, mas se você só tiver cinco compra da mesma forma. E se valer cinco, você pechincha e leva por dois. Só há reclamação se você quiser pagar menos que dois reais, porque daí será necessário mais de uma venda para arrecadar o valor da “pedra”, que custa apenas dois reais. “Sai barato né vizinha” é o que eles dizem.
O comércio funciona o dia todo. À noite é muito difícil você ver algum deles, porque estão na “pedra”. Precisam dela para sobreviver. Amanhã é um novo dia e começa tudo de novo. Alguns dizem que ganham, outros que roubam, mas eles sempre têm o que vender. E o pior é que sempre tem um comprador, que pouco se importa com a procedência do que está lhe sendo oferecido, com o que o vendedor vai fazer com o dinheiro da compra, isso não lhe diz respeito, a única coisa que realmente lhe interessa é que sai barato. E que também se você não comprar, outro ali adiante comprará, porque afinal todos compreendem que eles necessitam do dinheiro para se manterem vivos. Sem dinheiro, não há “pedra” e sem “pedra” não há vida. Pois é, esta é a única coisa que sai caro lá.