The Doors - anacrônica e rápida...

The Doors - anacrônica e rápida...

Sexta-feira à tarde. Para dar uma animada e seguir no trabalho, botei The Doors pra tocar baixinho, no meu PC, começando por L.A. Woman.

Uma estagiária gente boa, diz, lá do fundo da sala. "Meu namorado gosta dessa banda, também. Contei a ele que voce também a ouve e, ele disse que vc tem bom gosto, hehehe!"

Mas, emendou: "Esse cara dessa banda deve estar beeem velho, porque essa música é muito antiga..." E eu, distraído no computador, a cortei, rapidamente: "Não, não. Esse aí, já foi foi!".

Uma colega da sala ri.

Aí, não tem jeito, todos acabam rindo. A moça fica com o rosto em brasa.

Eu até que queria livrá-la do mal-estar, mas fiquei quieto, porque sei que, tentar consertar essas coisas nunca dá certo...

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Voltei em 12.05.09

Voce pode estar pensando: caramba! Colocar o nome da famosa banda foi um jeito mandrake de chamar a atenção para o texto. E, pensando bem, admito, é mesmo.

Mas, reflitindo a respeito, fico imaginando o que mais se poderia dizer sobre essa banda mitológica, sua discografia, seus componentes, Jim Morrisson (suas letras, suas atitudes, suas performances avassaladoras)? Uma rápida volta pelo Google e, chego a conclusão de que, não dá para arriscar, pois existem milhares de excelentes textos, inclusive brasileiros, a respeito. Existem até teses sobre a música da banda, a poesia de Morrisson.

Mas, não resisto a um pequeno ponto: sempre que ouço a banda meus ouvidos ficam travados na performance dos instrumentistas, muito bem casada, consistente e, me pergunto o que mais me chama à atenção ali.

E chego à mesma conclusão: afora o rei Lagarto, com suas letras e performances, eram os teclados e os arranjos de Ray Manzarek quem definem a identidade do som da banda. É ali que estava o segredo de tudo. Na minha opinião, são aqueles arranjos e aqueles timbres que cimentaram tudo.

Morrison, era único. Afora isto, bandas com excelentes instrumentistas não faltam na história do Rock. Mas, o lugar que os teclados ocupam no som do The Doors, é diferente...

Todos os membros da banda eram excelentes instrumentistas. John Desmore era baterista inquieto e vigoroso. O guitarrista Robbie Krieger era excelente nos rifes e preenchia com espantosa eficiência os espaços entre os versos da música, com acordes e solos, e nos momentos de ataque nos arranjos, dominava a guitarra, eternizando trechos musicais que ajudaram a estabelecer um culto, ao redor do planeta.

Mas, é o teclado de Manzarek (que tinha, como provaria depois na carreira solo - técnica apurada e muita inventividade) que se destacava com seus difentes timbres. Às vezes, o som de seu órgão, lembram instrumentos de templos e câmara. Em outros momentos, um piano de bar ou cabaré.

Em boa parte das músicas, ele assumia a ponta, na hora do solo intermediário da música e, depois, tomava o lugar da guitarra, e começava a costurar acordes, música afora - é o caso de "Ligth my fire", onde foi criada uma marca definitiva para o repertório mitológico da banda - quem, da minha geração, vindo logo em seguida à primeira geração que fez o movimento de inquietação juvenil nos anos 60, não queria ter um carro pra sair pela noite, com essa música no ouvido?

Sem seus arranjos e timbres interessantes, o som do The Doors e até o seu sucesso talvez não fosse o mesmo.

Talvez isso também já tenha sido dito com mais paixão (que essa banda é de despertar paixões eternas...) e eficiência. Mas, aí está...