A Dimensão de todas as Coisas

Não é incrível como encaramos a dimensão das coisas quando crianças?

Lembro-me perfeitamente da casa onde cresci e me criei, de como a via enorme,

De como meu pai era alto, de como era difícil o cálculo aritmético, de como

era complicado "raspar" o prato!

Pois é, na infância a tendência é pensarmos que problemas de verdade

são descobertas de um vaso quebrado, de uma nota baixa no boletim escolar ou

de comer doces escondidos antes do jantar... De não escovar os dentes quando

determinado por nossos pais (autoridades máximas em nosso lar!), de alguém

"bisbilhotar" nossos diários e revelar nossos segredos - quase sempre tolos -

próprios da idade! A briga com a melhor amiga que parece eterna,as brincadeiras

inconseqüentes que deixam cicatrizes, o delírio da febre que "amplia" todos os

nossos domínios!

Ah, saudade! O pátio de casa era o nosso reinado, o portão da entrada da

casa o nosso limite, o olhar severo do pai gelava o sangue, a palmada dolorida

da mãe para nos reconduzir à realidade do nosso pequeno universo infantil! De

repente, a fase pueril se vai,deixa seqüelas, deixa lembranças... e vem a

adolescência,com sua falsa onipotência, período ambíguo e duo,não sei quem sou!

(o que penso?) Os corredores de casa e os cômodos parecem diminuir de tamanho

gradualmente, e o pai já não é tão alto assim...começam os questionamentos, a

rebeldia como forma de protesto às limitações impostas por nossos pais, o namoro,

a vaidade, os "posadões" com as amigas, os bailinhos e as negociações com os

horários de retorno ao lar.. Problemas? Eu achava que na infância tinha o quê?

Problemas? Ledo engano!(Fala sério!) "Tipo assim": Minha mãe vai pirar quando

notar que tingi os cabelos! Meu pai vai me matar quando descobrir o namoro! Ai,ai!

Em cada etapa da vida, algumas coisas diminuem de tamanho e outras ampliam!

Irônico pensar que a cada fase superada, ao olhar para trás, vejamos o quanto nos

preocupávamos à toa, a dor de abandonar os brinquedos, de despedir-se do colo da

mãe e da vigilância paterna...Crescer dói, é uma tarefa árdua, desafiadora e

contínua, independente da anatomia humana atingir seu limite, seu ápice, e regular

a taxa de hormônios! Continuamos a crescer (se não para os lados, ao menos em

maturidade e evolução humana! Surgem novos desafios e a tão sonhada liberdade e o

desejo de revolucionar cedem espaço à realidade e seus obstáculos a serem

transpostos! Na mente ecoa: "Não há conquistas sem perdas". Quem é que aceita

perder??!!

Levamos para o resto de nossas vidas algumas lições e souvenirs da

infância:a vaga lembrança da dor do joelho ralado ao tentar equilibrar-se na

bicicleta, a ida ao dentista por comer doces escondidos, o cheiro do bolo de

chocolate da mãe, o riso gostoso do palhaço no circo!!Embora nossa visão real

nos permita perceber a real dimensão das coisas, podemos seguir em frente, um

tanto nostálgicos e saudosos por constatar que a dimensão das coisas não mais

se reduz na fase adulta, mas sim duplica de tamanho diante do entendimento real

do amor, dos gestos e das situações que nos fazem ver a verdadeira dimensão de

todas as coisas!!

(Autoria: Patrícia Rech de Oliveira)

Patrícia Rech
Enviado por Patrícia Rech em 11/05/2009
Código do texto: T1587748
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