ENSINAR COM AMOR: Fazer a diferença.
É verdade que a tarefa de ensinar não se traduz num mister tão fácil como muitos imaginam, pois não basta conhecer o tema para ensinar, já que não são apenas as palavras ou os métodos ortodoxos que são importantes na atuação de um professor, mas, principalmente, a sua destreza em lidar com as adversidades, considerando que o mestre deve contar com uma dose ímpar de discernimento e de filosofia no que se refere ao trato com os alunos, levando-se em consideração que são seres humanos em formação e que, por tal razão, sofrem o mal da idade, inclusive muitos deles são frutos de convivios desastrosos ante o cotejo das questões sociais e morais tão degradantes em nosso país.
Não obstante essa ótica exclusivamente voltada para a individualidade do aluno, havemos também que considerar que os professores de uma maneira geral enfrentam problemas estruturais e culturais de toda a grandeza, com salas de aulas incompatíveis com a permanência diária do professor, levando-se em consideração de que deveria gozar de um ambiente mais sereno possível para poder concentrar-se no seu mister de ensinar. Além disso, há relatos diários de professores que são agredidos por alunos violentos e despreparados para conviverem harmoniosamente no meio social. Esse bullings são fruto da sociedade e, como tal, são os percalços objetivos que o professor enfrenta para poder ensinar.
No entanto, essas questões de ordem prática que o professor enfrenta no dia-a-dia não devem atingir a essência do aprendizado que devem repassar para seus pupilos, até porque a vocação de ensinar é uma coisa Divina pois os seres humanos precisam progredir no campo da espiritualização do caráter e, inevitavelmente, é o professor que dá essa contribuição para que cada ser humano possa se tornar alguém na vida.
Mas, meu objetivo neste momento não é dizer e nem profetizar sobre essa profissão tão digna e tão difícil de ser executada. Quero apenas repassar uma lição que me chegou através de um site de reflexão, sobre uma questão prática existente entre um professor e um aluno e que me causou um sentimento de compaixão ao deparar com um sofrimento que pode ser comum a um aluno que não tenha bom desempenho e que ao ser tratado com amor e atenção, pode ocasionar resultados muito bons e que pode refletir na vida inteira daquele ser humano.
O relato é o seguinte:
"Fazer a diferença
Relata a Sra. Teresa, que no seu primeiro dia de aula parou em frente aos seus alunos da quinta série primária e, como todos os demais professores, lhes disse que gostava de todos por igual.
No entanto, ela sabia que isto era quase impossível, já que na primeira fila estava sentado um pequeno garoto chamado Ricardo. A professora havia observado que ele não se dava bem com os colegas de classe e muitas vezes suas roupas estavam sujas e cheiravam mal.
Houve até momentos em que ela sentia prazer em lhe dar notas vermelhas ao corrigir suas provas e trabalhos.
Ao iniciar o ano letivo, era solicitado a cada professor que lesse com atenção a ficha escolar dos alunos, para tomar conhecimento das anotações feitas em cada ano.
A Sra. Teresa deixou a ficha de Ricardo por último. Mas quando a leu foi grande a sua surpresa. A professora do primeiro ano escolar de Ricardo havia anotado o seguinte: Ricardo é um menino brilhante e simpático.
Seus trabalhos sempre estão em ordem e muito nítidos. Tem bons modos e é muito agradável estar perto dele.
A professora do segundo ano escreveu: Ricardo é um aluno excelente e muito querido por seus colegas, mas tem estado preocupado com sua mãe que está com uma doença grave e desenganada pelos médicos. A vida em seu lar deve estar sendo muito difícil.
Da professora do terceiro ano constava a anotação seguinte: a morte de sua mãe foi um golpe muito duro para Ricardo. Ele procura fazer o melhor, mas seu pai não tem nenhum interesse e logo sua vida será prejudicada se ninguém tomar providências para ajudá-lo.
A professora do quarto ano escreveu: Ricardo anda muito distraído e não mostra interesse algum pelos estudos. Tem poucos amigos e muitas vezes dorme na sala de aula.
A Sra. Tereza se deu conta do problema e ficou terrivelmente envergonhada. Sentiu-se ainda pior quando lembrou dos presentes de Natal que os alunos lhe haviam dado, envoltos em papéis coloridos, exceto o de Ricardo, que estava enrolado num papel marrom de supermercado.
Lembra-se de que abriu o pacote com tristeza, enquanto os outros garotos riam ao ver uma pulseira faltando algumas pedras e um vidro de perfume pela metade.
Apesar das piadas ela disse que o presente era precioso e pôs a pulseira no braço e um pouco de perfume sobre a mão. Naquela ocasião Ricardo ficou um pouco mais de tempo na escola do que o de costume. Lembrou-se ainda, que Ricardo lhe disse que ela estava cheirosa como sua mãe.
Naquele dia, depois que todos se foram, a professora Tereza chorou por longo tempo...
Em seguida, decidiu-se a mudar sua maneira de ensinar e passou a dar mais atenção aos seus alunos, especialmente a Ricardo..
Com o passar do tempo ela notou que o garoto só melhorava. E quanto mais ela lhe dava carinho e atenção, mais ele se animava.
Ao finalizar o ano letivo, Ricardo saiu como o melhor da classe. Um ano mais tarde a Sra. Tereza recebeu uma notícia em que Ricardo lhe dizia que ela era a melhor professora que teve na vida.
Seis anos depois, recebeu outra carta de Ricardo contando que havia concluído o segundo grau e que ela continuava sendo a melhor professora que tivera. As notícias se repetiram até que um dia ela recebeu uma carta assinada pelo dr. Ricardo Stoddard, seu antigo aluno, mais conhecido como Ricardo.
Mas a história não terminou aqui. A Sra. Tereza recebeu outra carta, em que Ricardo a convidava para seu casamento e noticiava a morte de seu pai.
Ela aceitou o convite e no dia do casamento estava usando a pulseira que ganhou de Ricardo anos antes, e também o perfume. Quando os dois se encontraram, abraçaram-se por longo tempo e Ricardo lhe disse ao ouvido: obrigado por acreditar em mim e me fazer sentir importante, demonstrando-me que posso fazer a diferença.
Mas ela, com os olhos banhados em pranto sussurrou baixinho: você está enganado! Foi você que me ensinou que eu podia fazer a diferença, afinal eu não sabia ensinar até que o conheci.
Mais do que ensinar a ler e escrever, explicar matemática e outras matérias, é preciso ouvir os apelos silenciosos que ecoam na alma do educando.
Mais do que avaliar provas e dar notas, é importante ensinar com amor mostrando que sempre é possível fazer a diferença..."