A chuva e a saudade do meu Ceará

Quedei-me a olhar a chuva, ouvindo o seu canto e o encanto que ela produz nesta parte tão afeita a secas no interior do meu Ceará. Lembrei-me dos tempos de criança, quando a correr eu saia a caça de bicas para me banhar. Era um tempo muito feliz, de uma pureza gentil que embalava os meus sonhos no meu coração infantil.

Amo este chão molhado, estas plantas verdinhas, este céu nublado e este cheiro de cio que o tempo de chuva me traz com tanta propriedade. Há um sentimento de amor que transpõe uma predisposição para ser mais feliz, uma possibilidade de criar que há pouco em outros climas. Aqui eu me sinto mais aconchegado e pleno.

Vejo as frestas da janela, neste momento tão passional e sinto uma vontade imensa de adentrar nesta paisagem e me misturar com a beleza do tempo. Nada há em nossas vidas que seja mais forte do que o sentimento. Este poder que nos vem da alma, que se abre ao nosso redor e nos faz pensar coisas tão lindas de se viver.

Vou voltar para São Paulo, mas a minha casa é aqui. Mesmo sem os meus amores, quase todos já partidos, eu sinto o poder que me chama de minha terra querida. Quando do mundo eu me for e acender aos universos de luz que busco, levarei da vida esta lembrança e a guardarei com carinho, orando com toda vontade pelo povo amigo daqui.