"Le" para os Íntimos




Sou a primeira neta e sobrinha do lado materno. O que me tornou muito mimada por este ângulo familiar.


No entanto, pelo lado de meu pai, a vigésima neta e sobrinha, por isso, acho que convivi com duas realidades desde sempre.


Na casa de minha avó materna, ainda muito menina, era recebida com uma doce pergunta:


- Você é gente ou um bichinho lindo e encantador?


Envaidecida e cheia de dengo, respondia:


- Um bichinho lindo e encantador!


E assim, cresci ("crescer" é força de expressão, mas juro que tento!).


O tempo passa rápido demais depois dos dezoito anos. Nunca entendi muito bem isso. Até completar os benditos, se arrastou como em um filme cult francês! Depois? Mudemos de assunto.


Então, minha primeira sobrinha nasceu! Como toda tia coruja, fiquei apaixonada por Helena. Nome escolhido por mim, inclusive.


Aliás, escolhi o nome do pai dela também! Por incrível que pareça, aos dois anos e meio de idade, decidi que meu irmão se chamaria Homero! Não me pergunte como cheguei a esse nome porque essa crônica não pode virar uma odisséia. Não tenho talento nem fôlego para isso.


O fato é que sou a responsável pelo nome do meu irmão e de seus dois filhos (meus únicos sobrinhos). O nome do meu sobrinho é o mesmo do pai.


Voltando a Helena.


"Le", para os íntimos.


Ela era ainda uma menininha e lembrei da pergunta que minha avó sempre fazia. Estávamos brincando de teatro e arrisquei:


- "Le", você é gente ou um bichinho lindo e encantador?


Minha sobrinha parou de brincar com o fantoche de pano e olhou para mim com uma carinha marota e disparou:


- Que pergunta boba! Você não está vendo que eu sou gente?!




(*) Foto: Google

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Dolce Vita
Enviado por Dolce Vita em 11/05/2009
Reeditado em 25/08/2009
Código do texto: T1587077
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