====== A VOVÓ PROSTITUTA ======


por SMELLO. 
 

Tive dificuldade para escolher o título para esta minha CRÔNICA,
várias eram as opções, poderia ter sido, “UM BEM OU UM MAL”,
“DE PERNAS PARA O AR”, “A ESPERANÇA É A NETA”, “LIÇÕES DE UMA PROSTITUTA”, e outras mais.
O jornal de maior circulação de Brasília faz anexar aos domingos um encarte chamado REVISTA DO CORREIO, objetivando levar às famílias,
entretenimentos e informações generalizados. É expressiva a acolhida e significativo o fluxo de leitores.
Nesse domingo, dia 3, trouxe uma entrevista marcante: “MULHER DE VIDA NEM FÁCIL, NEM DIFÍCIL – Prostituta por opção e líder por necessidade, a criadora da DASPU, Gabriela Leite, fala sobre a profissão, família e do recém-lançado livro.
Começa ressaltando que a entrevistada diverge do que comumente ocorre, alçou essa marginalização aos 20 anos de idade, por opção. Ao chegar em um prostíbulo, foi na ocasião advertida pela cafetina : “Essa vida não é para você, que como se vê é uma mulher distinta”.
Bem se avista que, antes de ser aceita, contou com a repulsa da principal exploradora daquele lenocíneo.
Resguarda a entrevistada que ela, Gabriela, não queria exatamente aquela vida, buscava sim o “glamour” da noite, especialmente porque seu pai era um “crupiê” de cassino, tinha uma alma malandra, mas coração de ouro.
Suas observações às moças da região boêmia de São Paulo, especialmente do bar Redondo e o vaivém das prostitutas da Boca do Lixo, conhecida também por Boca do Luxo, a conduziram ser desejada, livre e bela.
Absurdamente cita que em determinada ocasião chegou a estar com 78 homens num único dia de “trabalho”, em Belo Horizonte, conhecida como “a capital do papai e mamãe”, por si definida.
No seu histórico profissional, inclui a decisão de abandonar as calçadas e “hotéis de viração” para se apresentar em movimentos sociais, criando o 1º Encontro das Prostitutas, pretendendo afastá-las da idéia de promiscuais e aproximando-lhes da cidadania. Resolveu fundar a ONG “DAVIDA” e mais tarde a loja de roupas DASPU, preferindo a denominação de “putique”. Tudo, levou Gabriela às revistas internacionais e nacionais. Analisemos esses primeiros aspectos, mais adiante voltaremos a falar dos termos da comprometedora entrevista.
A citada REVISTA tem um cunho altamente social, destinada com dissemos aos leitores da Capital da República, especialmente às mulheres. Ela ingressa na casa de cada um, com acesso a crianças e senhoras, incompatível a publicação referenciada que na pior das hipóteses é uma contravenção penal, prevista no referido diploma nos art. 228 usque 232, quando trata do Favorecimento à prostituição.
A Brasília é tida e havida, infelizmente, como a Capital da Corrupção, em qualquer lugar que se vá, aqui no País ou no Exterior. O cidadão que declara sua origem, é olhado como pernicioso, vem logo o "muxoxo", de Brasília é, O SENHOR COM CARA DE SANTO, NÃO VAI ME DIZER QUE É DA GANGUE. Desconhecem que os corruptos são aqueles que vêm de fora, eleitos para o Congresso ou a fim de exercerem funções e cargos públicos.
O jornal de maior circulação faz apologia ao crime, nódoa à sociedade.
Não se trata de puritanismo, apenas uma preservação à moral e aos bons costumes.
A entrevistada perdeu uma grande oportunidade de ficar calada, nem se diga que evidenciou sua beleza física, por não aparecem em seus traços fisionômicos.
Mal comparando seria o mesmo que o Lula desse uma entrevista e sustentasse -“deixei meu dedo mínimo sob a prensa para ser amputado e com isso aposentado como incapaz”.
A referência que faz ao seu pai é desprimorosa, incivil, mesmo alegando a veracidade, considerando ser de alma malandra, entregue totalmente à boêmia, normalmente ninguém se refere, desse modo, a um membro da família. Péssimo exemplo para o lar das famílias que lêem a Revista.
Aduz com uma desfaçatez alarmante, serem os homens muito frágeis, ainda que demonstrem uma postura de machão, que pouco conhecem da sexualidade feminina. Mais:"Eles gostam mesmo são de prostitutas", as preferem às suas mulheres. Afirma que, encontram nas mulheres desviadas o lenitivo e confiança para segredar seus desejos, impedidos que estão de falar em fantasias.
As meretrizes ouvem suas histórias e não contam a terceiros; se os encontra na rua, fazem de conta que nunca viram.
Disseca os dez (10) mandamentos das prostitutas, vigentes em qualquer lugar do mundo. Essas “regrinhas” são impostas sob aspectos éticos dentro da prostituição, especialmente do resguardo às identidades dos clientes.
- O pior estava por vir na entrevista, ao falar da família, especificamente da mãe, filhas e neta. Esta última é sua grande esperança, mantendo a melhor das relações, embora tenha 16 anos.
INACREDITÁVEL UMA DECLARAÇÃO DESSA LEVADA AOS LEITORES, DESONROSA E AVILTANTE. Fica no ar uma incógnita, será que dela espera o seguimento de mulher de lupanar?
Entretanto, ressalva não ter vivido o caminho correto que tiveram suas irmãs. Considera ter contrariado principalmente sua mãe, percebendo o grande sofrimento passado e extremada dor, agüentando todos os baques de lidar com uma filha, confessadamente prostituta. Enaltece a sua figura, por ser uma mulher fortíssima.
Declara que NÃO CRIOU as duas filhas que teve, em razão de posição anormal, impeditiva de uma relação ideal. Delas se afastou porque filhos de prostitutas são, literalmente falando, considerados o maior escárnio na sociedade.
Mesmo assim, com a mais velha diz ter tido o prazer de viver por dois anos momentos felizes. Já o mesmo não aconteceu com a outra, pois o pai conseguiu na Justiça sua guarda, preservando-a, o que impediu qualquer relacionamento.
Pondera, ao falar em cidadania, que somente após ser vitoriosa na luta que, juntamente teve COM AS COLEGAS, viu a sociedade entender a prostituição de forma diferenciada, de que resultou poder aparecer com sua própria voz diante do povo, sem o estigma que as maculava.
Acrescenta que somente a prostituta pode falar sobre a desmoralização, engrandecendo a mudança de visão dos membros da sociedade relacionada à sexualidade.
No final, diz ser emocionante falar do sonho em criar a Daspu, ONG mantida pela loja, que, paralelamente, ajuda a prostituta se valorizar e ter orgulho da profissão.
De tudo que se leu, é inegável que uma Revista de tradicional circulação em Brasília, quase exclusivamente destinada às famílias ali residentes levante uma bandeira de apoio à prostituição.
Como se não bastasse afrontar o próprio Código Penal Brasileiro, a REVISTA conduziu seus leitores a um desnível pernicioso e temerário.

Equivocadamente há quem sustente ser a prostituição a primeira e mais antiga das profissões, que mereceu até o apoio de Cristo. Primeiro, dizer ser a prostituição uma profissão, é um berrante sofisma, oriunda de cabeças depravadas, que se sustentam pela exploração do corpo da mulher, geralmente são membros espúrios, marginalizados da sociedade.
Entende-se por profissão o ofício da atividade humana resultante de um trabalho especializado de que vive o indivíduo, sendo daquele o meio de subsistência.
Se a prostituta pode ser apontada no seu exercício como uma profissional, o ladrão, também o é. Uns e outros são considerados fora da lei e se acham capitulados em todos os códigos penais de todos os países do mundo.
A referência religiosa está divorciada dos mandamentos inseridos na Bíblia e dos ensinamentos dela derivados. “As obras da carne são manifestas, as quais são o adultério, PROSTITIÇÃO, impureza e lascívia”.

É lamentável que a REVISTA DO CORREIO tenha dado guarida a uma nefasta entrevista, que denegriu a sociedade de Brasília tão, injustamente, visada nas manchetes dos jornais daqui, quiçá do mundo.

SMELLO= Alberto F.