PSEUDOLIBERTAÇÃO ("É no conhecimento que existe uma chance de libertação." — Leandro Karnal)
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
Por Claudeci Ferreira de Andrade
Ao entrar para o magistério, ensinaram-me que a educação faz a liberdade dos homens, quando terminei minha licenciatura ainda estava crendo nisso e fui para o trabalho no sistema educacional público como o libertador de milhares de escravos da ignorância. Hoje, com trinta anos de trabalho pela educação, descobri que a maioria que passa pelos bancos da escola só tem uma saída: tornar-se mão de obra barata no mercado de trabalho. Inclusive eu que pós-graduação!
Os políticos, de modo geral, prometem muito, todos os candidatos a algum cargo público usam o discurso, dizendo que vão melhorar a educação pública. É um laço e um logro. A prometida liberdade prova-se ser escravidão, pois os que dela supostamente usufrui, ainda são intitulados "analfabetos funcionais".
Assim, é, também, com a maioria dos professores e funcionários da educação, desleixada quanto a busca do conhecimento libertador e da consciência analítica, embora com formação acadêmica e diplomas em mãos, não tem o hábito da leitura. Os mesmos se preocupam tanto em ensinar que se esquecem de aprender e, no pouco tempo que lhes resta, dos três turnos de trabalho, procuram o caminho do escapismo e depois jogam culpa em todos; gostam de dizer que não ganham o suficiente para se esforçar tanto. Também, a maioria dos alunos é moralmente despreparada para cobrar conhecimento e sabedoria de quem lhe ensina!
Assim sou escravo também: Tive um colega educador muito diferente, ele descobriu que o caminho da saída mais fácil era o caminho do não comprometimento, queria só lazer. Ele cedeu à ideia de que seria professor por metade, apenas na sala de aula, fora, seria uma pessoa comum, “um amigo de todos”, talvez, podendo até levar seus alunos para tomar uma “cervejota” – ninguém tem nada com isso, né!?.
Arriscando seu profissionalismo com os alunos, preferiu entregar o seu rótulo, de vez. A despeito de suas precauções, porém, exatamente o que temia lhe sobreveio mais tarde. O comportamento desses "aluninhos preferidos" piorou em sala, eles não souberam divisar as coisas: tiraram-lhe as honras, apearam-no de sua boa reputação e, aguilhoado pelo remorso e o orgulho ferido, pôs termo à sua didática eficaz.
Às vezes, supervalorizamos nossa vida com palavras expressivas: “isto não tem importância”, “posso fazer o que me aprouver”, “vou aonde quero com quem quero”, “essas pequenas coisa não são preocupação de ninguém”, "o professor também é filho de Deus" etc. tentando provar que um professor tem vida particular. Mas, não tem; alguém está sempre lhe cobrando conhecimento e postura de professor.
Seria assim mesmo no mundo educacional? É claro que sim! Se “os lentes” escolherem qualquer caminho que não o do compromisso 24 horas e das virtudes sociais, fora e dentro da sala de aula, acharão a escravidão e produzirão carrascos acusadores.