A LIBERDADE IMPOSTA
Eu caminhava pelo centro acadêmico de minha faculdade, dentro de uma enorme e renomada universidade, quando ao olhar para a rapaziada jogando videogame, quando não, jogos relativamente ultrapassados em enormes máquinas de fliperama, peguei-me a perguntar a mim mesmo o porquê de não ver nenhum tabuleiro de xadrez...
A resposta veio de uns breves instantes de reflexão: Tempo. Tempo que as pessoas não tem para um jogo tão demorado. E em mais uns breves instantes, uma nova questão assolou-me: De onde vinha o tempo que as pessoas, em especial, os universitários, tinham antes? Com jornadas de trabalho dobradas, em relação aos dias atuais, com a inexistência do Google, para efetuar pesquisas para seus trabalhos, sem informática ou computadores para digitar trabalhos, sem os adventos que nos obrigavam a passar horas escrevendo á mão em um papel, para perceberem que não era o que queríam dizer, amassar, e começar tudo de novo...
Afinal... De onde vinha o tempo para jogar xadrez nos centros acadêmicos? Ou melhor, de onde vinha o tempo para planejar os protestos pela justiça social, pela liberdade de idéias, pela liberdade de expressão intelectual e artística? E pela igualdade dos sexos? Onde se arranjava tempo para lavar roupas à mão e cerzir meias!? E ainda assim, jogar xadrez, ler jornais, tomar um bonde, andar quilômetros de bicicleta ou à pé em nome da necessidade de transporte, e não à boa forma física. Afinal, o tempo na parece ter sido encaixotado e compactado conforme as facilidades foram aparecendo? Para onde foi o tempo que a tecnologia conquistou com altíssimos custos de implantação?
Deixando um pouco de lado as perguntas, que sim, tem uma entonação bordada de sofismas, talvez se faça interessante lembrar que vivemos em um tempo sem bandeiras. Ou melhor, de bandeiras fabricadas com propósitos dispersivos, e não bandeiras surgidas da necessidade de unir classes contra “Inimigos Comuns”. Morreu a ditadura política expressa. A liberdade política e artística ganharam um propósito próprio. Hoje, são escravos dominados de um novo e conveniente senhor: Interesse Econômico Privado.
Há poucas décadas havia razões para manter-se classes unidas em uma só direção, com objetivos comuns para a conquista de justiça em determinados campos. Hoje, temos uma infinidade de campos, uma infinidade de inimigos, a maioria enrolados em bandeiras estrategicamente construídas para manter as massas com interesses dispersos, e logicamente sem forças. E o que tem isso a ver com o “Tempo”?
Cada um é dono de si e de suas escolhas hoje. E a liberdade escraviza a capacidade humana de administrar seu tempo, na maioria dos casos. Pois controle sobre o tempo é fruto de disciplina pessoal, que normalmente é exercitada em tempos de adversidades externas, e por que não, sociais. Sem exercício de disciplina íntima, o tempo escorre por entre os dedos sem seu devido aproveitamento, para si, ou para o todo. A liberdade tornou-se o senhor bom e piedoso, que escraviza seus vassalos encaixotando-os na falta de habilidade no manejo de seu livre arbítrio. O binômio Necessidade/Possibilidade desequilibrou-se em proporção, prejudicando a capacidade de uma sociedade inteira de usar bem suas possibilidades em excesso. A necessidade educa a possibilidade. Mas só quando existe.
Não há ativismo. Há apenas a promessa de um lugar aos sol, quem sabe ao lado do próprio inimigo que hoje oprime. Estratégia? Hoje é de mercado. De trabalho, comercial, na formação do time, no futebol. Na compra dos jogadores certos. Bandeiras? Elas têm cores e brasões, e uma torcida. Inimigos? Não deixarão de existir nunca, mas és livre para escolher os teus. A não ser que consigas realmente perceber que eles não são mais declarados. E se ocultam por trás dos espelhos de nossa ignorância, íntima e coletiva.
Eu caminhava pelo centro acadêmico de minha faculdade, dentro de uma enorme e renomada universidade, quando ao olhar para a rapaziada jogando videogame, quando não, jogos relativamente ultrapassados em enormes máquinas de fliperama, peguei-me a perguntar a mim mesmo o porquê de não ver nenhum tabuleiro de xadrez...
A resposta veio de uns breves instantes de reflexão: Tempo. Tempo que as pessoas não tem para um jogo tão demorado. E em mais uns breves instantes, uma nova questão assolou-me: De onde vinha o tempo que as pessoas, em especial, os universitários, tinham antes? Com jornadas de trabalho dobradas, em relação aos dias atuais, com a inexistência do Google, para efetuar pesquisas para seus trabalhos, sem informática ou computadores para digitar trabalhos, sem os adventos que nos obrigavam a passar horas escrevendo á mão em um papel, para perceberem que não era o que queríam dizer, amassar, e começar tudo de novo...
Afinal... De onde vinha o tempo para jogar xadrez nos centros acadêmicos? Ou melhor, de onde vinha o tempo para planejar os protestos pela justiça social, pela liberdade de idéias, pela liberdade de expressão intelectual e artística? E pela igualdade dos sexos? Onde se arranjava tempo para lavar roupas à mão e cerzir meias!? E ainda assim, jogar xadrez, ler jornais, tomar um bonde, andar quilômetros de bicicleta ou à pé em nome da necessidade de transporte, e não à boa forma física. Afinal, o tempo na parece ter sido encaixotado e compactado conforme as facilidades foram aparecendo? Para onde foi o tempo que a tecnologia conquistou com altíssimos custos de implantação?
Deixando um pouco de lado as perguntas, que sim, tem uma entonação bordada de sofismas, talvez se faça interessante lembrar que vivemos em um tempo sem bandeiras. Ou melhor, de bandeiras fabricadas com propósitos dispersivos, e não bandeiras surgidas da necessidade de unir classes contra “Inimigos Comuns”. Morreu a ditadura política expressa. A liberdade política e artística ganharam um propósito próprio. Hoje, são escravos dominados de um novo e conveniente senhor: Interesse Econômico Privado.
Há poucas décadas havia razões para manter-se classes unidas em uma só direção, com objetivos comuns para a conquista de justiça em determinados campos. Hoje, temos uma infinidade de campos, uma infinidade de inimigos, a maioria enrolados em bandeiras estrategicamente construídas para manter as massas com interesses dispersos, e logicamente sem forças. E o que tem isso a ver com o “Tempo”?
Cada um é dono de si e de suas escolhas hoje. E a liberdade escraviza a capacidade humana de administrar seu tempo, na maioria dos casos. Pois controle sobre o tempo é fruto de disciplina pessoal, que normalmente é exercitada em tempos de adversidades externas, e por que não, sociais. Sem exercício de disciplina íntima, o tempo escorre por entre os dedos sem seu devido aproveitamento, para si, ou para o todo. A liberdade tornou-se o senhor bom e piedoso, que escraviza seus vassalos encaixotando-os na falta de habilidade no manejo de seu livre arbítrio. O binômio Necessidade/Possibilidade desequilibrou-se em proporção, prejudicando a capacidade de uma sociedade inteira de usar bem suas possibilidades em excesso. A necessidade educa a possibilidade. Mas só quando existe.
Não há ativismo. Há apenas a promessa de um lugar aos sol, quem sabe ao lado do próprio inimigo que hoje oprime. Estratégia? Hoje é de mercado. De trabalho, comercial, na formação do time, no futebol. Na compra dos jogadores certos. Bandeiras? Elas têm cores e brasões, e uma torcida. Inimigos? Não deixarão de existir nunca, mas és livre para escolher os teus. A não ser que consigas realmente perceber que eles não são mais declarados. E se ocultam por trás dos espelhos de nossa ignorância, íntima e coletiva.