MOMENTOS RAROS
MOMENTOS RAROS
No começo de uma noite de 2002, embarquei numa aeronave da Gol Linhas Aéreas, de Brasília com destino a Florianópolis, onde morava. Eu que já havia feito várias viagens nesse horário, nesse mesmo percurso, na mesma companhia aérea, estranhei uma escala no Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim, no Rio de Janeiro, já que aquele voo só fazia uma escala no aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Não procurei saber o motivo, mas só sei que foi um dia atípico, diferente.
Entre os passageiros que embarcaram no aeroporto do Rio de Janeiro, embarcou uma moça aparentando ter entre 30 a 35 anos, bonita, morena clara, magra, altura média para alta, bem vestida, cabelos curtos, bem cuidados, levando às mãos uma bolsa, além de outros pertences. Como existiam muitos assentos vagos, ela olhou para frente, para os lados, hesitou, pensou mais um pouco, indo se sentar numa poltrona na metade do avião, na lateral esquerda. Eu que estava só numa das poltronas da ala à direita, fiquei lado a lado com ela, separados por uns dois metros, ou um pouquinho mais. Assim que se sentou, a moça começou a ler uma revista.
De início, percebi que ela fazia uma pequena pausa na leitura e discretamente olhava para mim, às vezes esboçando um ligeiro sorriso. Pensei, será que me conhece de algum lugar, ou está querendo me falar algo? Com o passar do tempo, no entanto, notei que me olhava com mais frequência...Tive o ímpeto de me sentar mais perto para puxar conversa, mas logo me contive, imaginando que não pegasse bem; evitando dessa maneira algum tipo de constrangimento. E assim fomos até São Paulo, onde o avião fez a segunda escala.
Quando o avião pousou no aeroporto de Congonhas, repentinamente, ela pegou seus pertences, levantou-se e foi passando perto de mim com um sorriso e dizendo: boa viagem, até um outro dia! Foi tão rápido, que mal tive tempo de retribuir o sorriso e também dizer: boa noite e até um outro dia!