Filho Pan – uma crônica de humor sobre mãe
Todo mundo concorda que mãe é uma coisa pra lá de boa: o cheiro de mãe é bom, o colo de mãe é maravilhoso e a maioria delas sabe fazer aquela comidinha que a gente tanto ama.
Mas para as mães os filhos não crescem. Um filho, para uma mãe, nasce na Terra do Nunca: é o "Filho Pan".Tenham eles cinco ou cinquenta anos de idade.Aí é que mora o perigo!
Meu marido está com quase quarenta.No início desse ano fomos à uma festa e algumas amigas da minha sogra estavam presentes.Assim que ela encontrou-se com uma delas, puxou o filho para uma efusiva apresentação:
-Esse é o meu caçulinha! Lembra dele? – apertando-lhe a bochecha (acredite).
- Como você cresceu!Eu peguei você no colo!
Toda festa é a mesma coisa: uma mãe orgulhosa de um lado, um filho pra lá de encabulado do outro e uma nora (eu) segurando o riso no meio disso tudo.
Um amigo foi mais radical diante da máxima “mãe só tem uma”:
-Graças a Deus! Se eu tivesse duas, acho que matava uma! Você já viu como a minha é superprotetora?
Dar presente para mãe é uma coisa complicada também: tudo elas têm.Não precisam de nada.Lembro-me de um ano que meu irmão, atarefado, não conseguiu levar o Presente de Dia das Mães.Assim que ele foi embora, ela começou a lamúria:
-Puxa, custava me trazer uma lembrancinha?
Parafraseando o Poetinha, mães é melhor tê-las , sem entendê-las!
Eu já era mulher feita, mas quando saía para trabalhar, lá vinha Dona Ana com o "leitinho-surpresa".Isso mesmo, surpresa: uma gema de ovo adicionada à bebida, ui!
-Mãe, num tô a fim de tomar leite hoje, não. Vou de suco.- me esquivando.
-Pode tomar, filha.Eu não coloquei ovo dessa vez.Toma! – fazendo uma cara de "não- vai -me-fazer -essa- desfeita- acordei- cedo- só -para- lhe- preparar- esse-leite.".Sabe como é essa cara?
Eu tomava, contrariada.Tudo porque sabia que naquele leite com achocolatado e uma gema de ovo (eca!) tinha amor e preocupação.Mas que era ruim, era, viu? Ô, meu Deus!
Quem “sofre” mais com mãe, sem dúvida é o adolescente, porque ainda não compreende esse excesso de zelo. Há mães que não pensam duas vezes ao verem uma sujeirinha no rosto do filho.Acham que se umedecerem seus dedos em suas próprias salivas e esfregarem na carinha de seus filhotes porão fim ao problema.E fazem isso bem na frente dos amigos dele!
Mostrar foto do filho pequeno, nu, com cara de choro, à namorada, também não pega bem.Mas mãe adora mostrar como seu pimpolho era (e é) a criatura mais bela desse planeta.Se são os mais belos, não sei.Mas são os que mais ficam vermelhos numa situação dessas, eu garanto.
A TV Cultura exibe uma série chamada “Ninguém Merece” que conta a vida de Taylor Fry, uma adolescente de 12 anos que sente um peixe fora d’água quando o pai, vendedor de peças íntimas masculinas, posa como manequim de seus próprios produtos.Para quem tem filho adolescente é uma boa pedida, para ambos assistirem.Dá para rir com os "micos" que os pais fazem os filhos pagarem.
Eu sou mãe também e já começo a sentir na pele essa coisa do filho nunca crescer.A minha tem dois anos e de umas semanas para cá decidiu que não gosta mais de usar calça: só saia e vestido.Falei para o meu marido:
- Com esse frio essa menina não quer pôr uma calça! Vai pegar um resfriado!
-Mãe é tudo igual mesmo! – ele me respondeu rindo. Olha o sol lá fora, tá calor!
Podem até falar que a culpa de tudo é sempre da mãe.Mas quem é que abre mão da sua?
Li certa vez que mãe é uma pessoa que, ao ver que só ficam quatro bocados de torta de chocolate tendo cinco pessoas, é a primeira em dizer que nunca gostou de chocolate.
E por falar em chocolate, domingo eu vou tomar café da manhã com a minha mãe.Já estou rezando para ela não colocar ovo no meu achocolatado!
FELIZ DIA DAS MÃES PARA TODAS AS RECANTISTAS E LEITORAS!
Esse texto no blog da Kathy Catherine:
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(Maria Fernandes Shu – 07 de maio de 2009)