FOMES - da alma e do corpo
Adoro o espírito crítico e divertido de minha irmã dizer as verdades da vida dela...
Rio tanto que não consigo enxergar. Choro de rir com ela. Literalmente.
Nos entendemos como ótimas amigas e nos amamos como mãe-e-filha (e vice-versa :)). Ainda não sabemos quem é a mãe e quem é a filha. Alternamos estes papéis e isto nos une de forma irreversível! Que boooooooooom!!!
Outro dia acordou revoltada com a dificuldade de colocar os produtos dela, reciclados da fibra de bananeiras (lindos, por sinal... e aí vai uma excelente indicação...rs... mas, é verdade!! são lindos demais!! www.stoandre.com.br/atelier... vai lá... vê e depois me conta...)
... Mas vamos voltar de onde parei. Pois bem, ela estava injuriada com a dificuldade de produzir com tanto capricho e habilidade seus produtos e colocá-los nas lojas.
Tanta criatividade, tanto capricho, tanta honestidade, tanta dedicação, tantas lutas!
Tanta burocracia, tantas taxas, tantos impostos, tantas imposições, tantas idas e vindas!!
Hoje ela acordou, passou pelo corredor e nem disse bom dia.
Passou reto, foi pra cozinha e começou a preparar o café.
De repente (e é sempre de repente)
Do nada (e é sempre do nada, pelo menos pra quem está do lado de fora dos sentimentos dela), parou no meio da sala de jantar, levantou os braços como se fosse discursar e gritou (literalmente!), com o sotaque mais mineiro do mundo:
- “Oh, geeeeeente, vou falar uma coisa, viu? Tem duas frases que as pessoas disseram e que são só pra enganar trouxa.
Uma é : O Brasil é nosso! ... e a outra : O tempo resolve!”
... E parou!
Assumiu a postura normal de quem está acordando, apenas, com fome e continuou a preparar o café, sem mais nenhuma palavra! Para ela estava pronta esta parte.
Já havia colocado pra fora a ansiedade que, com certeza, havia provocado o remexer na cama por horas – será que dormiu?...
Ficara com insônia pela fome de possibilidades mais justas,
com fome das coisas da alma.
Agora, era hora de tomar café e matar a fome,
pelo menos a do corpo.
Glaucia Tassis