A MULHER ENIGMÁTICA
Além do semblante cansado ela tem também um olhar e jeito enigmáticos e diariamente passa pela rua onde trabalho. Cabelo em desalinho, mas sempre bem vestida. Ninguém jamais tem a mínima ideia de onde ela vem e muito menos para onde vai. Tudo indica que aquela mulher vem do seu trabalho. O que faz? Também ninguém imagina, ninguém sabe. Ela é mesmo muito misteriosa. Ninguém a cumprimente e ela, muito menos. O seu nome então é totalmente desconhecido por todos ali daquela rua por onde ela passa diariamente. Só temos certeza que ela é muito pontual. Mas o que chama a atenção nessa mulher de rosto cansado não é tanto esta parte do seu corpo, por sinal bem esbelto, a qual deve ter, aproximadamente, 45 anos de idade. Mas sim, o seu ar de angústia e de mistério. Todavia, tudo isso pode ser também um grande equívoco por parte das pessoas que a vê passar diariamente por aquela rua no mesmo horário. Faça sol, chuva, frio ou calor.
Paulatinamente, sempre por volta das 18 horas ela costuma passar segurando alguma sacola. Anda sempre sozinha, diga-se de passagem. Se ela tem filhos, marido, também ninguém sabe. São fatos assim, como este, que acontecem diariamente que nos deixam pensativos sobre a dimensão que a vida nos oferece. Sem querer bisbilhotar a vida de ninguém, observa-se sempre alguma coisa que nos chama a atenção e serve até de tema para alguma crônica como essa, simples, mas tudo bem. São os detalhes da vida. Pessoas de todos os tipos. Cada um com os seus problemas, angústias, dúvidas, ilusões, sonhos, desejos, mas sempre vivendo no afã de um dia qualquer encontrar com a tão sonhada felicidade. Só que, sendo esta um estado de espírito fugaz, transforma-se sempre numa quimera, principalmente quando pretendida como algo que perdurará por tempo indeterminado.
João Bosco de Andrade Araújo.
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