“Lembra de mim…”
“Se um dia você acordar
E eu não mais existir,
Por favor, lembra de mim....
Lembra das nossas conversas gostosas
Dos momentos em que passamos jogando conversa fora
Dos dias que sonhamos juntos,
Mesmo estando tão longe um do outro.
Por favor lembra de mim
Quando vir o por do sol
Quando ouvires, pela manhã, os pássaros cantando
Lembra de como foi bom ter nos conhecido
Nos falado, nos tocado, nos telefonado
Lembra de mim, tão somente
Só em saber que passei por esta vida
E me fiz lembrada por ti, me acharei feliz!!!”
É claro que um enorme sorriso brotou no meu rosto ao ler estas palavras. Não foi pequeno o esforço que fiz para conter o ímpeto de me manifestar imediatamente. Mas você merecia muito mais que uma resposta. Certamente, você não sabe, mas eu devo a você um pedido de desculpas. Por ter pensado que você não pensa em mim, e por não ter entendido que o teu silêncio é apenas ocasional, embora, ele sempre perdure por muito mais tempo do que é possível suportar.
Algumas vezes, eu me sinto ingrato por não ter te procurado mais. Como se não precisasse mais de você. Infelizmente, o seu telefone sempre está livre, no entanto, você está sempre ocupada.
Na verdade, eu ando precisando mesmo é de uma conversa calma e tranquila, daquelas que acompanham o tempo. Porque o tempo não passa tão depressa. São pessoas que passam tão rápido e não se dão um tempo para sorrir, e dizer alguma palavra amável, ou ouvir uma ou duas frases que seja, mesmo que não tenha resposta. Elas se quer já sentiram o calor de um aperto de mão. Abraços, então? Esses são reservados para os aparadores de lágrimas: os travesseiros. Terminam o dia exaustas e frustradas porque não fizeram o que precisavam, ou o que desejavam. Não souberam usar o tempo... Ficaram correndo na frente do tempo. Como se quisessem, ou pudessem, vencer o tempo.
Ultimamente, a saudade que eu sinto de você tem me trazido ao peito apenas um sorriso, como um indesejado sintoma de conformismo. Calma. Isso também me assusta. Mas, não se preocupe. Eu jamais vou esquecer você.
Eu lembro agora do caso que o meu amigo me contou a respeito de seu filho: o ano letivo estava começando e ele foi levá-lo na escola. Ele pretendia deixá-lo na porta e ir para trabalho logo em seguida. Mas o menino pediu para que ele ficasse mais um pouco. Sabe como é: ano novo, turma nova, novos garotos… sendo assim, ficaram os dois por algum tempo, lado a lado, em conversas reticentes, até que os coleguinhas do ano passado foram chegando. Rodeado dos amigos, o menino virou-se para o pai e disse: - pode ir, pai. Agora eu estou bem! Estou com os meus amigos!
Sinto a sua falta. Sinto falta das nossas conversas. Sinto falta do seu amparo.
Quando a tua voz soa em meus ouvidos, o desejo de olhar nos teus olhos se repete. Eu vejo os teus lábios se abrindo num sorriso, enquanto pronuncia o meu nome. Como se fosse a primeira vez, eu tento ganhar tempo, te perguntando, da maneira mais natural possível, o que você tem para me dizer, ao mesmo tempo que luto para controlar a minha ansiedade. Isso sempre acontece no princípio de nossas conversas. Demora um pouco para eu desbloquear as minhas idéias e assumir o controle dos meus pensamentos.
Disseram-me as letras que boa parte das coisas que nos preocupam não são reais, e que, de certa forma, vivemos essas situações como se reais fossem. Não há quem não sinta o desejo de reeditar o passado e revivê-lo a partir das lições aprendidas ou interpretadas. Mas só o que conseguimos é comprometer o nosso futuro por causa da nossa ansiedade e, claro, desperdiçamos o único tempo que nos permite corrigir o rumo da nossa vida. O tempo presente. O tempo da decisão.
Nossas afinidades revelam desejos ocultos e denunciam vontades reprimidas, nos encorajam a exibir um ao outro a nudez completa de nossas almas. Entre uma confissão e outra, a confiança faz emergir os segredos mais bem guardados no recôndito de nossas mentes. Surgem os seres sem nome, aqueles em terceira pessoa, que habitam em nossas vidas, que estão presentes nos nossos dias como uma sombra fantasmagórica de um passado perene.
Como o personagem insólito que assombra os teus dias. A terceira pessoa da tua história singular. O sujeito que raramente frequenta os teus lábios com nome próprio. Na maioria das vezes, ele não passa de um simples pronome pessoal do caso reto. Um sujeito deletável, mas que você não consegue mandá-lo para a lixeira. Muito menos é capaz de apagá-lo definitivamente.
Mais uma vez eu me pego analisando a tua vida. Parece ser mais fácil resolver o problema dos outros, razão pela qual eu me atrevo a apontar soluções para os teus problemas. Da mesma forma, eu estou aberto para os teus conselhos. Você é, e sempre será, a segunda pessoa do meu singular. A pessoa com quem eu falo, abertamente. A quem derramo as minhas queixas. E me regozijo quando você me devolve a mesma confiança. Por causa das terceiras pessoas dos nossos singular e plural, estamos sempre conjugando verbos no tempo e no modo que não queremos, na maioria das vezes.
Mas o que importa é continuarmos as nossas vidas, e aprendermos a escrever nós mesmos a nossa história. Quem sabe, a gente consegue colocar as terceiras pessoas de nossas vidas nos modos e tempos corretos. Quem sabe, a gente acabe descobrindo que nós é que precisamos aprender a conjugar corretamente os verbos. Mesmo que seja impossivel vivermos juntos na mesma história, é certo que sempre seremos a primeira pessoa do nosso plural. Enquanto tu respirares, saibas que eu te amo. Enquanto eu viver, tu sempre estarás na minha lembrança. Tudo bem, se não houver recíproca. Se você esquecer de mim. Em todas as noites em que a lua nova passar no meu céu, você saberá que em algum lugar haverá um olhar contemplativo no firmamento, uma lembrança suscitando um sorriso, um coração desejoso de te tomar nos braços. Assim, conjugarei as nossas vidas no modo indicativo, os meus desejos - como os longos, sôfregos e apaixonados beijos -, no modo subjuntivo. Mas o teu singelo pedido, porém, estará sempre em meu coração, no modo imperativo.
Por favor, lembra de mim....
Este texto faz parte da coletânea Alma Nua de Ivo Crifar, pela editora Baraúna.
“Se um dia você acordar
E eu não mais existir,
Por favor, lembra de mim....
Lembra das nossas conversas gostosas
Dos momentos em que passamos jogando conversa fora
Dos dias que sonhamos juntos,
Mesmo estando tão longe um do outro.
Por favor lembra de mim
Quando vir o por do sol
Quando ouvires, pela manhã, os pássaros cantando
Lembra de como foi bom ter nos conhecido
Nos falado, nos tocado, nos telefonado
Lembra de mim, tão somente
Só em saber que passei por esta vida
E me fiz lembrada por ti, me acharei feliz!!!”
É claro que um enorme sorriso brotou no meu rosto ao ler estas palavras. Não foi pequeno o esforço que fiz para conter o ímpeto de me manifestar imediatamente. Mas você merecia muito mais que uma resposta. Certamente, você não sabe, mas eu devo a você um pedido de desculpas. Por ter pensado que você não pensa em mim, e por não ter entendido que o teu silêncio é apenas ocasional, embora, ele sempre perdure por muito mais tempo do que é possível suportar.
Algumas vezes, eu me sinto ingrato por não ter te procurado mais. Como se não precisasse mais de você. Infelizmente, o seu telefone sempre está livre, no entanto, você está sempre ocupada.
Na verdade, eu ando precisando mesmo é de uma conversa calma e tranquila, daquelas que acompanham o tempo. Porque o tempo não passa tão depressa. São pessoas que passam tão rápido e não se dão um tempo para sorrir, e dizer alguma palavra amável, ou ouvir uma ou duas frases que seja, mesmo que não tenha resposta. Elas se quer já sentiram o calor de um aperto de mão. Abraços, então? Esses são reservados para os aparadores de lágrimas: os travesseiros. Terminam o dia exaustas e frustradas porque não fizeram o que precisavam, ou o que desejavam. Não souberam usar o tempo... Ficaram correndo na frente do tempo. Como se quisessem, ou pudessem, vencer o tempo.
Ultimamente, a saudade que eu sinto de você tem me trazido ao peito apenas um sorriso, como um indesejado sintoma de conformismo. Calma. Isso também me assusta. Mas, não se preocupe. Eu jamais vou esquecer você.
Eu lembro agora do caso que o meu amigo me contou a respeito de seu filho: o ano letivo estava começando e ele foi levá-lo na escola. Ele pretendia deixá-lo na porta e ir para trabalho logo em seguida. Mas o menino pediu para que ele ficasse mais um pouco. Sabe como é: ano novo, turma nova, novos garotos… sendo assim, ficaram os dois por algum tempo, lado a lado, em conversas reticentes, até que os coleguinhas do ano passado foram chegando. Rodeado dos amigos, o menino virou-se para o pai e disse: - pode ir, pai. Agora eu estou bem! Estou com os meus amigos!
Sinto a sua falta. Sinto falta das nossas conversas. Sinto falta do seu amparo.
Quando a tua voz soa em meus ouvidos, o desejo de olhar nos teus olhos se repete. Eu vejo os teus lábios se abrindo num sorriso, enquanto pronuncia o meu nome. Como se fosse a primeira vez, eu tento ganhar tempo, te perguntando, da maneira mais natural possível, o que você tem para me dizer, ao mesmo tempo que luto para controlar a minha ansiedade. Isso sempre acontece no princípio de nossas conversas. Demora um pouco para eu desbloquear as minhas idéias e assumir o controle dos meus pensamentos.
Disseram-me as letras que boa parte das coisas que nos preocupam não são reais, e que, de certa forma, vivemos essas situações como se reais fossem. Não há quem não sinta o desejo de reeditar o passado e revivê-lo a partir das lições aprendidas ou interpretadas. Mas só o que conseguimos é comprometer o nosso futuro por causa da nossa ansiedade e, claro, desperdiçamos o único tempo que nos permite corrigir o rumo da nossa vida. O tempo presente. O tempo da decisão.
Nossas afinidades revelam desejos ocultos e denunciam vontades reprimidas, nos encorajam a exibir um ao outro a nudez completa de nossas almas. Entre uma confissão e outra, a confiança faz emergir os segredos mais bem guardados no recôndito de nossas mentes. Surgem os seres sem nome, aqueles em terceira pessoa, que habitam em nossas vidas, que estão presentes nos nossos dias como uma sombra fantasmagórica de um passado perene.
Como o personagem insólito que assombra os teus dias. A terceira pessoa da tua história singular. O sujeito que raramente frequenta os teus lábios com nome próprio. Na maioria das vezes, ele não passa de um simples pronome pessoal do caso reto. Um sujeito deletável, mas que você não consegue mandá-lo para a lixeira. Muito menos é capaz de apagá-lo definitivamente.
Mais uma vez eu me pego analisando a tua vida. Parece ser mais fácil resolver o problema dos outros, razão pela qual eu me atrevo a apontar soluções para os teus problemas. Da mesma forma, eu estou aberto para os teus conselhos. Você é, e sempre será, a segunda pessoa do meu singular. A pessoa com quem eu falo, abertamente. A quem derramo as minhas queixas. E me regozijo quando você me devolve a mesma confiança. Por causa das terceiras pessoas dos nossos singular e plural, estamos sempre conjugando verbos no tempo e no modo que não queremos, na maioria das vezes.
Mas o que importa é continuarmos as nossas vidas, e aprendermos a escrever nós mesmos a nossa história. Quem sabe, a gente consegue colocar as terceiras pessoas de nossas vidas nos modos e tempos corretos. Quem sabe, a gente acabe descobrindo que nós é que precisamos aprender a conjugar corretamente os verbos. Mesmo que seja impossivel vivermos juntos na mesma história, é certo que sempre seremos a primeira pessoa do nosso plural. Enquanto tu respirares, saibas que eu te amo. Enquanto eu viver, tu sempre estarás na minha lembrança. Tudo bem, se não houver recíproca. Se você esquecer de mim. Em todas as noites em que a lua nova passar no meu céu, você saberá que em algum lugar haverá um olhar contemplativo no firmamento, uma lembrança suscitando um sorriso, um coração desejoso de te tomar nos braços. Assim, conjugarei as nossas vidas no modo indicativo, os meus desejos - como os longos, sôfregos e apaixonados beijos -, no modo subjuntivo. Mas o teu singelo pedido, porém, estará sempre em meu coração, no modo imperativo.
Por favor, lembra de mim....
Este texto faz parte da coletânea Alma Nua de Ivo Crifar, pela editora Baraúna.