SORRISO LINDO SOB OS CABELOS BRANCOS

Vejo este espaço em branco, e quero escrever algo sublime para a minha mãe

Quero, desejo escrever algo que nem seja tão inusitado, porque os maiores poetas já fizeram isso, os maiores contistas, escritores, cronistas principalmente.

Mas quero alguma coisa que seja particularmente mais MINHA MÃE

A TV ligada me mostra a inconsequência das políticas públicas nas garagens cheias de água, nas mortes por queda de barreira, nos assaltos aos coletivos, nas mortes recheada de drogas, traficantes e drogados, meninos, meninos....oh! Eles estão a gritar alegremente com o dedão do pé a sangrar, jogando bola nos paralepípedos das ruas logo adiante, onde um deles correia correndo para os mandantes do pedaço sob a batuta de uma lata de cola, mais tarde morrerá antes de entrar da adolescência, displicentemente, na Escola não há vagas nas salas superlotadas, sem conforto, sem esportes, lazer, refeitório, professores, amor a educação e aos estudos.

Ao meio dia eles ainda estão na rua, enquanto minha mãe nos ensinava todos na mesa a rezar agradecendo a alimentação.

A Noite estão de vigia do tráfego ou malandramente cheirando e praticando pequenos delitos, quando minha mãe nos ensinava todos a mesa, rezando, jantando e pondo as coisas do dia passado em família, fiscalizando o dever de casa passado na sala de aula

É a família ora rejeitada frente a TV assistindo a novela das seis, sete, oito e os sangrentos e pessimistas noticiários, deixou passar a hora do Angelus, a Ave Maria das Seis horas em todas emissoras, os sinos são elétricos/eletrônicos, se existem, estão na periferia, mas existem os terríveis gritos e lamentos de outras igrejas pontificando este novo tempo, não mais se juntam, se unem, se abraçam, riem. Agora gritam e lamentam, exorcizam o mal que mesmo assim existe e pode a qualquer hora entrar no recinto – Isto é um assalto, passa a sacolinha.

Minha mãe, heroína da passagem deste novo tempo, desquitada e braba, terna e gentil, enfrentou as convulsões sociais que oprimiam a mulher descasada, separada, guerreira que trabalhou até mais de 16 horas por dia e ainda estudava, era contadora, funcionária publica, professora, tudo dentro das vinte e quatro horas, mas tinha mais, a Casa,(cozinhar, lavar, passar e os etc.) eu e meu irmão ainda na casa dos três e cinco anos até os 13 e 15, quando o organismo não aguentou e pediu arrego, foi de cadeiras de roda para o Hospital no Rio.

Hoje, o tempo achou por bem conservar o lindo sorriso, Querubim achou graça naquela pequena valente não lhe tirando a agilidade, mas retirou a memória recente. Lindo é quando me beija e diz Jesus te ama meu filho.

AH MÃE COMO ELE ME AMA!!!!!

Para tirar os nove fora:

me deu como mãe VOCE.