O POETA DOS VERSOS DIVERSOS

Mineiro de Uberaba, o poeta Vivaldo Bernardes aqui chegou não faz muito tempo, mas já escreveu um curto, porém significativo, capítulo na história da nossa cidade cuja atmosfera romântica permitiu-lhe publicar seus Versos Diversos.

No ano de 1999, quando ainda residia naquela cidade, o poeta Vivaldo foi acometido, simultaneamente, pela meningite e pela leucemia, enfermidades estas que o deixaram em coma. Vendo-o naquele estado, sua esposa não resistiu e foi a óbito. Ao sair do coma, o poeta ficou sabendo que ficara viúvo. O impacto da notícia levou-o à depressão e, em consequência disso, quase ao suicídio.

Tentando evitar um mal pior, sua filha resolveu então trazê-lo para perto dela, pois aqui ele estaria no aconchego da família e poderia ser acompanhado mais de perto por um profissional.

Aqui chegando, apaixonou-se à primeira vista pela cidade. O clima de interior proporcionou-lhe novos amigos e a vontade de viver, mas seus versos, muito bem trabalhados, não mais tinham a alegria e o romantismo de outrora; apenas a tristeza habitava seu coração, que vomitava versos melancólicos, muitos dos quais pedindo à morte que o levasse para onde fora levada sua Terezinha.

Logo que se recuperou da depressão, o poeta de coração em “frangalhos” resolveu colocar o nariz para fora de casa e respirar novos ares. Tão novos que numa dessas escapadelas ele conheceu uma moçoila que deu uma guinada em sua vida, um novo destino aos seus versos, uma rara beleza à sua poesia, um novo ânimo a sua alma...

Devido à grande diferença de idade (mais de 50 anos) existente entre o poeta e a sua nova “Musa-Amante”, muitos obstáculos foram encontrados por ambos; muitos foram os atritos entre os familiares; muitas foram as piadinhas de mau-gosto lançadas pelos “amigos”, pouca foi a importância dada pelo poeta aos burburinhos maldosos...

Mas... tanto fizeram que conseguiram separar o casal. Não suportando a pressão psicológica, o poeta resolveu dar um “basta” no seu relacionamento. Marcou um encontro com a amada e pôs um ponto final no romance dos dois.

Buscando esquecê-la, contra a sua vontade ele resolveu fazer uma viagem. Ficou cinco meses passeando pelo eixo Rio-São Paulo, mas apagá-la da sua memória não conseguiu. A paixão por quem aqui deixara foi maior que o preconceito, que as “fofocas”. Regressou.

De volta à cidade, procurou sua amada e reataram. E mais uma vez o “falatório” veio à tona.

E novamente o poeta apaixonado não resistiu à pressão psicológica. Só que dessa vez ele decidiu não mais distanciar-se da amada. Alugou uma pequena casinha e para lá se mudou. É lá que eles costumam se encontrar, que eles se amam, que eles discutem e, como todo e qualquer casal, fazem as pazes. É lá, também, que ele escreve seus versos, inda mais apaixonados e apaixonantes.

Infelizmente, nosso poeta hoje atravessa um dos piores momentos da sua vida, depois dos males que o vitimaram em 1999: sua Musa-Amante foi acometida por uma dissociação psíquica, deixando-a totalmente distante do mundo em que vivera, afastando-a dos braços do seu vate apaixonado, levando-o à quase-loucura por não poder fazer nada que possa ajudá-la.

Mais uma “prova de fogo” ao velho coração do poeta, que de tanto sofrer pela amada, busca forças e vitalidade nos versos que apaixonadamente escreve.