O NOME DO BEBÊ

Nas tribos indígenas, o bebê só ganha seu nome ao nascer. Os índios sabem que é somente no nascimento que a criança deve receber o nome pelo qual será chamada a vida inteira. Todo o resto é projeção dos pais em cima de um ser que ainda nem nasceu.

Como se não bastasse todas as expectativas que esse novo ser humano ganhará: “terá que ser advogado, vai casar, será bem sucedido, seguirá o caminho do pai, etc”; a criança já nasce com um nome escolhido, cujo significado (muitas vezes totalmente ignorado pelos pais), terá que ser carregado por esse novo ser por toda a sua existência.

“Quero que seja menino, quero que seja menina”, “ quero que venha assim ou que venha assado”; e da-lhe projeções, da-lhe expectativas e da-lhe mais peso; esse novo ser humano, cansado de todo o esforço para nascer, ainda terá que lidar com as ansiedades dos pais, quando o seu pós-parto deveria ser um processo suave, de adaptação a um novo plano de existência.

O nome que ganhamos de nossos pais deveria ser uma benção, escolhido de acordo com o momento em que viemos para esse mundo, baseado em real sentimento, mas o que recebemos é o nome que os nossos pais ouviram na novela, copiaram de um filme, criaram baseados em uma ordem caótica de continuarmos a tradição dos filhos com nomes de santos, ou de uma letra do alfabeto.

Nome é coisa séria, pois a palavra tem poder e manifesta nesse mundo, o que criamos no plano dos pensamentos. Cabe aos novos pais, muita cautela e amor, para que a criança que está prestes a nascer, não se torne mais uma vítima da nossa vontade de nomear o mundo, segundo o evangelho da nossa ignorância.