CHUVA
Sábado a noite, choveu o dia todo. Chove ainda, mas eu gosto.
Não sei ao certo a mágica que a chuva tem prá mim. Ela me tranquiliza e me acalma. Acho que é porque vivi numa cidade muito quente. Meu quarto era pequeno, mas a janela era grande e tinha grades. Assim, podia dormir com ela aberta todas as noites.
Minha mãe plantou um pé de dama-da-noite debaixo da minha janela e, quando floria, perfumava toda a casa.
Gostava quando chovia porque refrescava e eu podia soltar barquinhos de papel nas enchurradas. Acho que foi assim que a magia da chuva entrou na minha alma. Eu devia ser bem pequena porque na minha lembrança eu olhava a vidraça de muito baixo para cima.
Gostava de ver os caminhos das gotas escorrendo e ficava observando durante muito tempo.
Eu gostava da chuva.
Eu ficava muito feliz quando chovia.
O mundo ficava mais verde e limpo.
O cheiro do ar ficava mais puro e mais fresco.
Ainda hoje é assim e, pelo andar da carruagem, será para sempre.
Glaucia Tassis