Carência: a mais nova desculpa feminina
Carência. Eis um dos maiores problemas da humanidade e quem sabe a mais nova desculpa feminina do século XXI. Bebedeira é coisa do passado. Agora é a vez da carência. Abram alas.
Funciona como todas as outras desculpas: quando você perceber que extrapolou emocionalmente, diga sem o menor problema com a cara mais lavada de todas: desculpa, poxa, “tô” carente.
E convenhamos, fica até bonitinho e comovente além de ser muito mais elegante que uma mulher bêbada.
Assim como a bebida, a carência tem os seus porres.
E geralmente é porre gratuito (Em tempos de crise, essa desculpa está bem inserida). Não se gasta um tostão e quando se dá conta está embriagada da maldita carência. Suplicando um carinho aquele canalha, se servindo de cardápio pra qualquer homem um pouco mais bonitinho, ou passando a lista do telefone e procurando o ex. Definitivamente este último é a carência tipo cachaça de botequim, aquela que no dia seguinte com certeza vai te deixar com muita dor de cabeça e uma ressaca moral incontestável.
A maior diferença é que aparentemente ninguém percebe, ao contrário da caninha.
Aí vem a parte boa, se tudo der certo ninguém precisa saber da carência, afinal além de desculpa é um ótimo pretexto. Agora vai você querer esconder aquele porre de whisky com Red Bull no dia seguinte, e dizer que você não bebeu?
Pois é, a nova desculpa não fala por si só e muito menos sai por ai trocando os pés. No dia seguinte, se quiser ela nem dá as caras e muito menos a amiga da amiga da onça vai ficar sabendo pelo telefone o seu vexame de carência.
Se o cara debocha da sua cara porque você está bêbada, nada se pode reclamar, apenas ratificar o seu auto-papelão. Agora, se ele debocha da sua carência, vamos combinar, ele não é sentimental, não entende as necessidades femininas e muito menos é um homem do novo milênio.
Palmas para carência.
E não fique você restringindo a carência apenas no campo amoroso não. Sabe aquele seu ataque com sua amiga, que você tem toda a certeza de que está coberta de razão mas sem nenhuma paciência para argumentar? Pois é, para evitar maiores transtornos, a falta de paciência é uma consequencia da carência.
O único problema é que ao contrário da santa cachaça, a carência não vem embalada em quantidades e muito menos pode ser jogada na privada.
O dia seguinte chega, e, mesmo que os outros não saibam, você sabe que ali está sua amiguinha insepáravel. Enquanto aquela outra amiga sua que gosta de tomar umas, no dia seguinte, toma uma Neusa e pronto. Ou não?
Tenho minhas dúvidas.
Ainda assim acho melhor continuar só com a carência, do que com a carência e a Neusa.