Estagiário é tudo igual...

O som de que um e-mail novo chegou rompeu na sala, onde nosso amigo trabalha. Foi ver de quem era.

De: Vandernelson

Para: Aurélio Ferreira

Preciso de contar uma coisa... mas é segredo!

Eu raramente uso o banheiro daqui do serviço, normalmente está sempre ocupado e não sou muito adepto a banheiros que não seja o meu. Nessa tarde, exatamente às 17:15 h eu resolvi usá-lo. O que queria fazer era o número 1 (um xixizinho básico). Fui lá e como de costume fiz o tal xixizinho. Até aí nada demais, dei uma olha no espelho para ver se meu cabelo estava mais despenteado do que o normal, lavei minhas mãos e fiz a desgraça de puxar a descarga. A água veio, mas veio, e veio, veio, veio. Veio água que não parava mais, parecia as Cataratas do Iguaçu. Meu coração começou a bater forte. Abaixei a tampa do vaso para diminuir o barulho, mas mesmo assim não consegui. Fiquei com medo e comecei a ter alucinações. Imaginei alguém batendo na porta, ouvindo o barulho das cataratas sanitárias. Se alguém perguntasse:

- Aconteceu alguma coisa?

- Não, tudo tranquilo, apenas o vaso que está louco, porque eu apertei a descarga e não pára mais de sair água, fora isso tudo normal.

Comecei a suar de medo, como eu iria me explicar, para quem eu iria dizer. Restou uma pessoa para qual poderia pedir a solução:

- SENHOR JESUS NÃO FAÇA ISSO COMIGO, PARE COM A DESCARGA PELO AMOR DO SEU PAI. FUI UM ESTAGIÁRIO BOM, NUNCA USEI ISSO. ME AJUDE. TENDE PIEDADE DE MIM.

Eis que a luz surgiu. Acima do vaso havia um registro com duas setas, uma escrita ABRE e a outra FECHA. Mais do que depressa eu fechei, girei, girei, apertei, apertei. O barulho foi reduzindo, reduzindo até que a água parecia um corregozinho. O único problema é que toda água das torneiras também foi cortada. Deixei como estava, voltei para o meu assento, como se nada tivesse acontecido.

Passados uns dez minutos o telefone toca. Era para mim. A recepcionista que soube do ocorrido pergunta se a água havia parado de escorrer. Eu disse que fechei o registro. Ela disse para que eu abrisse o registro novamente e ver se tinha parado. O único problema é que outro cara entrou no banheiro estragado. JESUS, MARIA, JOSÉ! Agora que eu tava fudido. Tentei encostar meu ouvido na porta do banheiro para ver se ouvia o barulho da água do vaso, mas como a água estava fraquinha, o moço deve não ter percebido. O silêncio rompia no banheiro e pelo que percebi o rapaz não estava fazendo o número 1. O negócio lá estava feio. Ele estava obrando, ou em outras palavras, fazendo um barrão nervoso. E AGORA? Voltei, sentei na minha cadeirinha e comecei a escrever esse e-mail. Então se me perguntarem de algum banheiro eu vou dizer:

- Banheiro? Que banheiro?

Assinado: Vandernelson, o estagiário.

Eduardo Costta
Enviado por Eduardo Costta em 05/05/2009
Reeditado em 06/05/2009
Código do texto: T1577497
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