O Que (Pre)cede? ("Afasta-te da companhia dos perniciosos, eles fazem nascer em ti uma licenciosidade que lhe é natural" — Sêneca)
O medo de reprovar o aluno justifica a existência do (pré-)conselho. Então um professor sai apalpando os outros colegas sobre o aluno tal, como se a nota não fosse o medida exata da real situação do aluno, mas uma doação do professor. A escola tem sido muito generosa, embora não se reconheça a legalidade do tal (pré-)conselho, mas sabe-se que é uma ilegalidade com a qual eles se dispõem ao benefício. O objetivo dos professores e coordenadores nessa reunião, entretanto, é o mais cruel possível: juntam-se na decisão de armar o labirinto para o indivíduo indesejado cair, todavia sem atrair consequências maiores aos articuladores. Nesse caso, o futuro promissor do famoso “conselho de classe” está nas mãos do tal (Pré-)conselho. Agora, imaginem uma (pré-)reunião para todas as reuniões! Resolver-se-iam os ditames da agenda no (Pré-)conselho e se repetirá tudo ou ter-se-á todo tempo do mundo para comer o lanche na hora do conselho principal.
Esse tal (pré-)conselho é um retrato fiel do drama da licenciosidade pedagógica dentro das escolas públicas claramente revelada. A influência estragada pelo corporativismo permeia cada decisão para aprovar ou reprovar o aluno, pois dar-se ponto e tira-se ponto a revelia. Mediante esse sistema acéfalo, os professores e coordenadores operam formando um verdadeiro cartel das notas. Este grupo de "piedosos" que faz do ambiente de trabalho sua própria casa, e ali eles a(pre)ndem a driblar o sistema em que estão inseridos e a falsear os seus próprios caminhos, fortalecendo-se contra a instâncias maiores. Aqui acrescento que o tratamento recebida no “período probatório” que é uma (pré)-efetivação no trabalho ensina-nos a agir assim. E no (pré)-conselho a vingança dos que foram (pré-) aprovados é cruel, alguns são muito corajosos, dispostos até a enfrentar a maioria para fazer valer seus intentos. Mas, quem conterá esta moda? O sistema está cheio de "(pré)-isso" e "(pré)-aquilo", e nada de exatamente tudo de uma só vez!
Estamos contrariando a vontade do sistema quando não nos empenhamos em ativo trabalho para nos (pre)cavermos de maiores problemas? Os inimigos se unem em (pré-)conselhos quando os objetivos são comuns: o monopólio.
O drama que agora tem desenvolvimento terminará no mais dramático momento: quando o sistema acordar. As dicas históricas nos dizem que o despertar do sistema está próximo. A chegada da avaliação institucional de todos os segmentos da educação. Oxalá que não seja só (pre)ssão!
Em suma, volto à pergunta, continuará existindo o (pré-)conselho no final de cada bimestre? Por que os professores não podem ser verdadeiros ao entregar as notas dos seus alunos à secretaria tal qual são? Ou vão continuar manipulando as notas, em nome do conselho, com critérios convenientes, parecendo um loteria de azar? Então, o cartel das notas é lícito? Pois assim, unidos, somos duros.