Calcinhas
Quando criança eu adorava ganhar calcinhas, usei muito Bunda Rica, tinha esse nome porque era cheia de rendinhas bonitinhas.
Sempre me preocupei em estar com a calcinha em bom estado, já pensou se sofro um acidente ou um desmaio, não que eu seja pessimista, mas não custa estar com a dita cuja em ordem, afinal tudo pode acontecer.
Certa ocasião preparei meu currículo e fui procurar emprego. Estava aguardando o sinal abrir quando de repente como diz Vitor Ramil, “quando o vento fez do teu vestido, um dom que Deus te deu”, no meu caso a saia que quase foi parar no pescoço, não tive outra alternativa que não fosse segurar o meu currículo. Atravessei a pista sem olhar para o lado enquanto ouvia uma sonora orquestra de buzinas e quase morri de vergonha, ainda bem que estava tudo ok, inclusive a calcinha.
Fiquei impressionada com uma figura quando disse que jogava as calcinhas fora, pois não sabia lavar ou tinha preguiça mesmo, por fim, seu amado do reality show ensinou como lavá-las. Tenha paciência, em rede nacional, se fosse filha da minha mãe...
Outras deixam de molho num balde com sabão em pó por alguns dias até ficar com aquele cheiro insuportável, depois pega tudo e joga na máquina que tem por lá, meias, sutiãs, panos de prato... É verdade isso acontece e tem uns casos em que a pessoa suja todas e na medida do possível vai selecionando as que estão menos sujas, a minha vizinha, por exemplo, colecionava não sei se continua, mudou-se.
Outro dia encontrei uma conhecida que virou madrasta e estava revoltada com a querida enteada, uma adolescente de 15 anos que adora guardar calcinhas sujas na gaveta e ainda esconde a chave para a madrasta não jogar fora, deve ser duro aguentar certas coisas por amor.
Mas, o importante é que não tem nada como abrir a gaveta e encontrar as calcinhas bem lavadas e cheirosas, é só deixar de preguiça e lavar.