DOU-LHE A BOA SEMENTE ( “Lembrai-vos: aquele que pouco semeia, igualmente, colherá pouco, mas aquele que semeia com generosidade, da mesma forma colherá com fartura”. — II Co 9:6)
Por Claudeci Ferreira de Andrade
Que ganho por me empenhar nessa profissão árdua e de tão pouco respaldo social? A resposta que eu esperava receber para essa pergunta seria, obviamente, gratidão, pelo menos! Essa, o sentimento nobre com o qual a sociedade e os alunos poderão retribuir ao que o professor tem feito por eles de tão grandioso. Obviamente, também, não espero que o façam prontamente. Mas, não se esqueçam, precisamos da concretização de seus apreços!
Por que o professor requer que os alunos e a sociedade devolvam as demonstrações de estima? Na verdade, ele não precisa, de fato, dessas demonstrações de ninguém, pois sobreviveu ao longo dos anos em sua função apenas com as forças do seu interior e do além. Os alunos e a sociedade em geral são quem precisa, porém, de alguma coisa: a boa semente!
Certa vez, ouvi contar esta história: Um jovem agricultor desenvolvera uma admirável variedade de milho: caules belos e grandes, folhas verde-escuras e espigas bem cheias. Ele sempre obtinha bom preço pelo milho que colhia. Os vizinhos quiseram comprar suas sementes, mas ele recusou vendê-las. Tinha uma boa produção e desejava conservar o seu monopólio.
Um dia, ao percorrer os seus campos, observou as definhadas plantações de milho de seu vizinho e, como sempre, menosprezou os esforços feitos por ele. Olhando melhor, percebeu, porém, que sua própria plantação de milho ao longo da cerca daquele lado também não era muito viçosa. Isto lhe causou preocupação. No ano seguinte, verificou que o milho de seu vizinho continuava sendo pouco produtivo; mas a área deficiente em seu próprio campo era bem maior do que no ano anterior.
A razão tornou-se evidente: o vento impelira o pólen dos pés de milho de qualidade inferior para o campo desse homem, produzindo plantas de menor viço, a despeito das boas sementes utilizadas. A solução podia ser discernida com clareza: se quisesse continuar a colher milho de excelente qualidade, teria de fornecer boas sementes a seus vizinhos. Foi o que ele fez, e assim todos prosperaram.
O mesmo princípio se aplica a nossa relação – Professor/aluno. Quando somos egoístas, manipuladores e mesquinhos (incompetentes), podemos esperar ser tratados da mesma forma. Quando somos generosos, a vida fica repleta de pequenas surpresas que constituem uma benção e nos tornam mais felizes e úteis. Segundo já disseram os mais velhos, “aqueles que semeiam pouco, pouco também ceifarão.”
A rigidez insana tira do adolescente a capacidade de discernir. É como diz Joseph Joubert: "As crianças têm mais necessidade de modelos do que de críticas." A melhor maneira de desenvolver no aluno a disposição ao respeito e à gratidão é respeitando-o. Se você assume a postura de um bom professor democrático mesmo que não sinta vontade de fazê-lo ou tenha medo disso, na outra vez terá mais facilidade neste sentido. Trabalhamos com seres racionais e inteligentes e devemos conduzi-los a objetivos bem esclarecidos e com justificativas apoiadas e não os obrigando a cumprir normas cegamente, tornando a convivência escolar insuportável e sem razão. Isso, também, vale para a relação Professor/professor. Basta uma recompensa para cada ato em consonância com o contrato pedagógico que emana da comunidade escolar, e todos se desdobrarão harmoniosamente. E parabéns para nós!