Três dias numa ilha deserta

Como pode? Não saberei das novidades de minhas colegas escritoras, de meus amigos virtuais; não poderei pegar uma receita nova para testar no fim de semana. Três dias inteiros isolada do mundo, sem saber como faço para chegar à casa do Fernando Brandi pois não terei aquele mapa detalhado, explicando-me (muito convenientemente, levando em conta meu senso de direção) o caminho - timtim por timtim, passo a passo, ponto a ponto...

Não falarei de graça por todo o fim de semana com o amor distante, nem com os amigos mais próximos e conectados, e nem saberei a programação da virada cultural em São Paulo! Ah, é mesmo, tem no jornal. Mas estou numa ilha deserta, como faço para sair daqui e ir buscá-lo?

Porém descobri, nesta ilha isolada do mundo, uma bênção: um jovem muito querido me convidou para ver televisão sob o edredom. Um jovem que, em dias de conexão, mal me vê - e o diálogo se resume a algumas poucas frases, ainda que carinhosas, ditas durante as refeições, quando as faz conosco. Quando não sai do quarto onde falou a manhã inteira (sem estar fisicamente com ninguém) e volta apenas na manhã seguinte, para dormir o dia todo.

Uma enorme vantagem, essa de estar na ilha deserta, sem ligação imediata com o mundo: massagear as pernas de um jovem um tanto perdido no mundo real, num momento de conexão mãe-filho em plena tarde de sábado. Acho que não vou me apressar muito para mandar consertar a internet.