CORRE NANINHA

- Corre, Naninha! Corre menina - disse a Mãe apresssando a filha - Olha o carro! Olha o carro!

Que mundo mais surreal. Eu vi uma mãe pedindo para a filha pequena correr não do carro, mas para o carro.

Naninha correu, pés descalços, nariz remelento, camisa preta e um vidrinho de sabão de fazer espuma numa mão e na outra, um rodinho, e ela dizia "moço me dá um trocadinho, moço me dá um trocadinho".

Naninha aparenta ter uns cinco aninhos, tudo nela é diminuitivo, menos o seu sorriso, que é graúdo feito o carro do moço invisível do vidro preto e blindado.

Seu irmão Tiago, é menor ainda e observa no colo da mãe, tudo. Tem cara de aprendiz, tem jeito que vai repetir direitinho os passos de Naninha. Menino bonito que ainda não sabe mais está preso ao destino de ter que cuidar dos negócios da família, assim que aprender a andar e repetir: moço, moça, me dá um trocadinho.