MINHAS CANÇÕES
Hoje, esta amarga nostalgia,
Deixem-me de vez,
ouvir meus long plays
de tempos de outrora,
aqui, nesta hora...
Ellis Regina, a pimentinha,
Trio Esperança e Miltinho,
não cantamos sozinhos...
Vou de Raul, maluco beleza,
e de twist com Chubby Checker,
e lembrar com saudosa tristeza,
Jannis Joplin, Barrios e Aznavour.
A música de minha juventude,
boleros de Ravel,
Agustin Lara,
tangos de Carlos Gardel.
Mas,nada se compara,
à Vinicius, a Noel,
Beatles, Tom Jobim,
eu romântico sim,
ainda sou,
pra maracangalha eu vou,
de chapéu de palha,
vou visitar o "Arnesto",
acho que ainda presto,
pra cantar uma canção,
do querido Adoniran,
não sou o bamba, o tal...
Quem o é? Wilson Simonal.
Johnny Mathis,
my prayer, oração
e com Roberto,
canto de coração,
com Beatles desperto,
em emoção
tendo Elvis por perto,
as rosas não falam,
Cartola chegou,
os críticos calam,
Mangueira abafou.
Ray Charles e Barrios,
blues e boleros,
só a escutar, o que quero.
Charmosa Bethânia e Gilberto,
Dominguinhos e Domingão,
Nubia Lafayette bem perto,
nesta festa de amigos,
Caetano e Jorginho,
o italiano Endrigo,
e também Zéca Pagodinho.
Gigliola, Pavone, Celentano
e o poderoso Sinatra,
Los Panchos y Los Hermanos,
o bolero, os cancioneiros, a graça.
Bienvenido Granda,
e as boates esfumaçadas?
o " bigode que canta",
em noites enluaradas...
E, quem não cala e fica na escuta,
ao cantar do último romântico,
o Altemar Dutra ?
Nos versos da música, o protesto
Geraldo Vandré, em manifesto,
falando de flores,
de muitos e muitos amores.
Os meninos dos Incríveis,
o meu amigo camarada,
tardes da jovem guarda, inesquecíveis.
E tudo começou com Celly Campello,
o rock, o swing e as baladas...
Nem imaginas a próxima canção,
alegria da manhã,
Jorge Aragão,
e na avenida, Jamelão.
E nosso cantar,
se volta pro Martinho da Vila,
laiáraiá...nosso olhar,
E o pagode de Dudú, moleque,
Zé Keti e Lupicínio,
é cantar e cantar, jamais a toa,
há que ter raciocínio,
Demonios da Garôa,
e o ídolo Djavan, nos bares,
Milton Nascimento,
romantismo no momento,
em todos os lugares,
a cantar nos palcos nos parques,
Elza Soares,
e o poetar de Chico Buarque.
A deusa de minha rua, um dia,
o boêmio Nelson Gonçalves,
e a morena Angela Maria,
cantaram com saudades.
Deixe-me a nostalgia,
e, minhas vontades,
de ouvir estes amores,
suave, saudosa alegria,
a voz destes cantores !